Em Portugal, o desígnio maioria parlamentar-Governo-Presidente foi sempre a exceção. Apenas ocorreu em 1996-2002 com a dupla António Guterres/Jorge Sampaio, neste caso à esquerda; e, em 2011-15, à direita, com Passos Coelho/Cavaco Silva. Em todos os outros casos, o primeiro-ministro teve uma cor política e o chefe de Estado, outra. Em França dá-se o oposto: todo o sistema instituído a partir de 1958 (Constituição da V República e ascensão ao poder do general De Gaulle) assentava na presunção de que Executivo e presidência estivessem em consonância.
Isso aconteceu durante 22 anos, não obstante a revolta do maio de 68, o abandono voluntário do poder pelo general, prelúdio do seu desaparecimento físico (1970), e o lento declínio do gaullismo. A situação muda em 1981, com a eleição do socialista François Mitterrand, primeiro Presidente de esquerda, que beneficiava, também, de maioria parlamentar.
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