Ameaças geopolíticas, sabotagem e agentes estrangeiros: nas capitais da Europa, os riscos escalaram após a invasão russa da Ucrânia em 2022. Nos últimos meses, os casos de interferência russa têm-se acumulado em todo o bloco da União Europeia, levando a detenções em países como o Reino Unido, Alemanha, Estónia e Polónia. A intensiva infiltração russa nos órgãos de diplomacia europeia tem levantado questões sobre a capacidade das respetivas agências nacionais de preverem atividades e influências maliciosas.
Em março, Andrei Soldatov, jornalista de investigação russo e especialista em secretas que vive no Reino Unido, referia-se a estas operações, em declarações ao Expresso: “As operações de espionagem russa são hoje muito intensas; estamos quase a regressar ao início da Guerra Fria, aos finais dos anos 1940 ou início dos anos 1950. A crescente frequência das operações, a espionagem convencional aplicada aos assassínios - em Espanha - e ataques físicos, em Vilnius.”
Esse foi um dos motivos pelos quais o antigo Presidente finlandês Sauli Niinisto aconselhou que o continente europeu deveria proceder a uma maior partilha de informação. Em março, o antigo líder finlandês recebeu da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a missão de redigir um relatório detalhado sobre a preparação do bloco para a guerra e a defesa civil, juntamente com propostas de melhoria. A resposta de Sauli Niinisto surge no seu relatório, em que defende que a UE precisa de uma agência de secretas própria, para antecipar ameaças e detetar casos de interferência estrangeira, ou seja, um “serviço de cooperação completo a nível da UE que possa servir tanto as necessidades estratégicas como operacionais”.
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