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“As operações russas são muito intensas, estamos a regressar à Guerra Fria”: deve a UE ter uma plataforma comum de serviços secretos?

Expulsão de diplomatas russos da República Checa
Expulsão de diplomatas russos da República Checa
Gabriel Kuchta

Num relatório encomendado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e apresentado a 30 de outubro de 2024, é sublinhada a necessidade de um "serviço de cooperação de secretas a nível da UE" para enfrentar desafios como a espionagem, a sabotagem e a interferência estrangeira. Tal abordagem visaria reforçar a capacidade da UE para responder às crises, recomendação que ganhou uma relevância nova com a recente eleição de Donald Trump para Presidente dos Estados Unidos. Mas o clima de suspeita é transversal

Ameaças geopolíticas, sabotagem e agentes estrangeiros: nas capitais da Europa, os riscos escalaram após a invasão russa da Ucrânia em 2022. Nos últimos meses, os casos de interferência russa têm-se acumulado em todo o bloco da União Europeia, levando a detenções em países como o Reino Unido, Alemanha, Estónia e Polónia. A intensiva infiltração russa nos órgãos de diplomacia europeia tem levantado questões sobre a capacidade das respetivas agências nacionais de preverem atividades e influências maliciosas.

Em março, Andrei Soldatov, jornalista de investigação russo e especialista em secretas que vive no Reino Unido, referia-se a estas operações, em declarações ao Expresso: “As operações de espionagem russa são hoje muito intensas; estamos quase a regressar ao início da Guerra Fria, aos finais dos anos 1940 ou início dos anos 1950. A crescente frequência das operações, a espionagem convencional aplicada aos assassínios - em Espanha - e ataques físicos, em Vilnius.”

Esse foi um dos motivos pelos quais o antigo Presidente finlandês Sauli Niinisto aconselhou que o continente europeu deveria proceder a uma maior partilha de informação. Em março, o antigo líder finlandês recebeu da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a missão de redigir um relatório detalhado sobre a preparação do bloco para a guerra e a defesa civil, juntamente com propostas de melhoria. A resposta de Sauli Niinisto surge no seu relatório, em que defende que a UE precisa de uma agência de secretas própria, para antecipar ameaças e detetar casos de interferência estrangeira, ou seja, um “serviço de cooperação completo a nível da UE que possa servir tanto as necessidades estratégicas como operacionais”.

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