Jill Biden visitou 3 estados em 24 horas para defender o marido das críticas. “O Joe vai continuar a lutar”
Jill Biden, primeira dama dos Estados Unidos
Miguel J. Rodriguez Carrillo/Anadolu via Getty Images
A primeira dama dos Estados Unidos tentou descredibilizar as dúvidas de políticos, comentadores e eleitores sobre a saúde do Presidente e, numa viagem relâmpago pela costa sudeste, enalteceu o valor das Forças Armadas para a família Biden
Em Washington D.C., rodeado de críticas e de pedidos para que se afastasse da corrida às presidenciais, Joe Biden jogou pelo seguro. Nos últimos dias, o Presidente dos Estados Unidos evitou discursos improvisados ou interações imprevistas, divulgou uma carta nas redes sociais e deu apenas duas entrevistas (e uma delas foi à televisão progressista MSNBC, conhecida por ser mais afeta aos democratas).
Pelo contrário, Jill Biden, a primeira dama dos EUA, optou na segunda-feira por uma abordagem mais proativa. Num único dia a esposa do Presidente visitou três estados críticos para as eleições norte-americanas de novembro, passando pela Carolina do Norte, Flórida e Geórgia, procurando tranquilizar eleitores e defendendo que “o Joe já deixou claro que está totalmente comprometido” com a sua candidatura.
“Essa foi a decisão que ele tomou e, tal como ele sempre apoiou a minha carreira, estou a fazê-lo também. Com mais quatro anos, o Joe vai continuar a lutar por vocês”, afirmou Jill Biden, citada pela Associated Press, numa paragem numa cervejaria em Wilmington, na Carolina do Norte, onde uma multidão a esperava.
O papel da primeira dama, para além de defender causas sociais durante os mandatos dos Presidentes, é o de tranquilizar as populações em altura de tragédia ou de desastres naturais. Como aponta o New York Times, é praticamente inaudito que uma primeira dama se veja obrigada a defender as capacidades cognitivas do seu marido ou companheiro - não só junto do partido, mas também junto dos eleitores. E, se já havia necessidade de o fazer devido às preocupações do eleitorado sobre a idade de Joe Biden (81), a prestação do chefe de Estado no debate com Trump, no final do mês passado, tornou essa necessidade numa obrigação.
“Como Comandante Supremo, o Presidente Biden acorda todas as manhãs pronto para trabalhar para vocês. Donald Trump acorda todas as manhãs a pensar em apenas uma pessoa: em si próprio”, contrapôs Jill Biden, numa paragem em Tampa, na Flórida, reiterando a “obrigação sagrada” que o marido tem com as Forças Armadas. As visitas foram feitas também com o objetivo de angariar apoio junto de famílias de militares e ex-combatentes.
A forte ligação da família Biden aos militares foi muito evocada por Jill Biden - não só porque apelar aos veteranos e aos militares sempre foi uma jogada segura pelos candidatos de ambos os partidos, mas também porque o filho mais velho do Presidente, Beau Biden, que morreu em 2015, combateu no Iraque pela guarda nacional do Delaware.
E este histórico militar também serviu para a primeira dama recordar a altura em que Trump disse, numa visita a um cemitério em França, que os mortos da Segunda Guerra Mundial eram “falhados”. “É desprezível, mas não é surpreendente. (...) Os membros das nossas Forças Armadas honram o seu juramento de proteger e defender a Constituição. Não podemos confiar em Donald Trump para fazer o mesmo”, afirmou.
Ainda em Tampa, no mesmo estado onde vive Trump, Jill Biden anunciou a formação de um grupo de apoio de famílias de veteranos e militares à candidatura Joe Biden-Kamala Harris. “Não podemos tomar nada como garantido. Precisamos de estar à altura do momento porque as nossas liberdades estão em risco”, alertou.
A atitude de Jill Biden nesta campanha de recandidatura do marido à Casa Branca contrasta em absoluto com a posição de Melania Trump, esposa de Donald Trump e a anterior primeira dama. Enquanto que Jill Biden, como Michelle Obama o fez, falha poucos comícios e discursa frequentemente, Melania tem estado praticamente desaparecida em combate, e só foi vista um par de vezes nos eventos da campanha do ex-Presidente.
Sobre questões relativas à saúde física e psicológica do Presidente, colocados dentro do próprio Partido Democrata, a primeira dama não prestou declarações e mostrou-se afrontada com os jornalistas em Tampa.