Biden diz estar a “considerar” o pedido da Austrália para desistir das acusações contra Assange
Cartaz de apoiante de Assange no dia da decisão do tribunal britânico sobre a extradição, em março
Toby Melville/Reuters
“Estamos a considerar a hipótese”, respondeu o Presidente dos Estados Unidos quando questionado sobre o pedido australiano. Fundador do WikiLeaks, que corre o risco de extradição, é acusado de 18 crimes por revelar documentos confidenciais dos Estados Unidos há quase 15 anos
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira estar a “considerar” o pedido da Austrália para que o país desista das acusações contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, por ter publicado um conjunto de documentos confidenciais norte-americanos.
A Austrália tem apelado há anos aos Estados Unidos para que desistam de processar Assange, cidadão australiano de 52 anos que tem lutado contra os esforços de extradição dos Estados Unidos a partir da prisão no Reino Unido.
Questionado sobre o pedido nesta quarta-feira, durante a receção ao primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, para uma visita oficial, Biden disse: “Estamos a considerar a hipótese”, cita a Associated Press.
Aitor Martínez a falar com jornalistas à porta de um tribunal de Madrid
Assange foi acusado de 17 crimes de espionagem e um de uso indevido de computador devido à publicação na internet de um conjunto de documentos secretos dos Estados Unidos há quase 15 anos. Os procuradores norte-americanos alegam que Assange encorajou e ajudou a analista dos serviços secretos do exército dos Estados Unidos, Chelsea Manning, a roubar telegramas diplomáticos e ficheiros militares que o WikiLeaks publicou, colocando vidas em risco.
A Austrália argumenta que existe uma desconexão entre o tratamento dado pelos Estados Unidos a Assange e a Manning, escreve a agência noticiosa. O antigo Presidente, Barack Obama, comutou a pena de 35 anos de Manning para sete anos, o que permitiu a sua libertação em 2017.
A extradição do australiano foi suspensa em março, depois de o Supremo Tribunal de Londres ter dito que os Estados Unidos deviam garantir que não seria condenado à pena de morte. O advogado de Assange disse na semana passada ao Expresso que a extradição “abriria uma via para o totalitarismo”.
A mulher de Assange já afirmou que o fundador do WikiLeaks “está a ser perseguido porque expôs o verdadeiro custo da guerra em vidas humanas”. Stella Assange refere que a saúde do marido continua a deteriorar-se na prisão e teme que morra atrás das grades. “Façam o que é correto. Retirem as acusações”, escreveu nesta quarta-feira numa publicação nas redes sociais, segundo a Reuters.