Dono da Tesla, SpaceX e antigo Twitter cedeu a Putin no conflito da Ucrânia. Nova biografia descreve “génio” desligado das pessoas, mas obcecado em salvar a Humanidade
No início de maio de 2021, Elon Musk foi anfitrião do “Saturday Night Live” (SNL), programa de comédia ao vivo da NBC, que aos sábados à noite traz ao pequeno ecrã notáveis da sociedade e política americanas, fazendo-os acompanhar por músicos em ascensão. Várias estrelas nasceram naqueles estúdios em Nova Iorque.
A participação do dono da Space X e da Tesla, que recentemente adicionou ao seu portefólio de empresas a rede social Twitter, agora X, dividiu a equipa de atores residentes. Alguns boicotaram as gravações por sentirem que estariam a promovê-lo. Os desabafos do convidado nas redes sociais, como, por exemplo, quando comparou os confinamentos da pandemia à “prisão domiciliária”, esgotaram-lhes a paciência.
Musk não cedeu à tentativa de cancelamento, que abordou no monólogo de abertura. “A todos os que ofendi, quero dizer o seguinte: reinventei o carro elétrico e enviarei pessoas para Marte numa nave espacial. Alguma vez poderia ser um tipo calmo e normal?”.
Encolher de ombros e “não”
A anterior citação abre a biografia “Elon Musk”, publicada na passada terça-feira. Com quase 700 páginas, é da autoria de Walter Isaacson, veterano deste ramo literário, que acompanhou o homem mais rico do mundo durante dois anos. Prova do seu comportamento atípico, característico de um “génio volátil”, segundo Isaacson, Musk afirmou-se como uma espécie de senhor da guerra há cerca de um ano. É, porventura, a maior revelação do livro.
Isaacson descreve, com algum pormenor, o momento em que as forças de Kiev ultimavam pormenores de um ataque à Crimeia, ocupada desde 2014 pela Rússia. O plano passava por uma incursão, em setembro de 2022, com dezenas de drones contra navios de guerra russos ancorados no porto de Sevastopol. Para tal, Kiev precisava de continuar a ter acesso à Starlink, constelação de satélites que oferece acesso à Internet, um dos muitos produtos de alta tecnologia criados pelo magnata. Sem ela, os aparelhos voariam às cegas.
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