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Elon Musk: o instável senhor da guerra

Elon Musk
Elon Musk
Tingshu Wang/Reuters

Dono da Tesla, SpaceX e antigo Twitter cedeu a Putin no conflito da Ucrânia. Nova biografia descreve “génio” desligado das pessoas, mas obcecado em salvar a Humanidade

Elon Musk: o instável senhor da guerra

Ricardo Lourenço

Correspondente nos Estados Unidos

No início de maio de 2021, Elon Musk foi anfitrião do “Saturday Night Live” (SNL), programa de comédia ao vivo da NBC, que aos sábados à noite traz ao pequeno ecrã notáveis da sociedade e política americanas, fazendo-os acompanhar por músicos em ascensão. Várias estrelas nasceram naqueles estúdios em Nova Iorque.

A participação do dono da Space X e da Tesla, que recentemente adicionou ao seu portefólio de empresas a rede social Twitter, agora X, dividiu a equipa de atores residentes. Alguns boicotaram as gravações por sentirem que estariam a promovê-lo. Os desabafos do convidado nas redes sociais, como, por exemplo, quando comparou os confinamentos da pandemia à “prisão domiciliária”, esgotaram-lhes a paciência.

Musk não cedeu à tentativa de cancelamento, que abordou no monólogo de abertura. “A todos os que ofendi, quero dizer o seguinte: reinventei o carro elétrico e enviarei pessoas para Marte numa nave espacial. Alguma vez poderia ser um tipo calmo e normal?”.

Encolher de ombros e “não”

A anterior citação abre a biografia “Elon Musk”, publicada na passada terça-feira. Com quase 700 páginas, é da autoria de Walter Isaacson, veterano deste ramo literário, que acompanhou o homem mais rico do mundo durante dois anos. Prova do seu comportamento atípico, característico de um “génio volátil”, segundo Isaacson, Musk afirmou-se como uma espécie de senhor da guerra há cerca de um ano. É, porventura, a maior revelação do livro.

Isaacson descreve, com algum pormenor, o momento em que as forças de Kiev ultimavam pormenores de um ataque à Crimeia, ocupada desde 2014 pela Rússia. O plano passava por uma incursão, em setembro de 2022, com dezenas de drones contra navios de guerra russos ancorados no porto de Sevastopol. Para tal, Kiev precisava de continuar a ter acesso à Starlink, constelação de satélites que oferece acesso à Internet, um dos muitos produtos de alta tecnologia criados pelo magnata. Sem ela, os aparelhos voariam às cegas.

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