O Conselho Municipal de Hamtramck, uma pequena cidade no estado de Michigan totalmente governada por muçulmanos, aprovou esta semana uma lei que proíbe que bandeiras LGBTQ+ sejam hasteadas.
Em 2015, Hamtramck tornou-se a primeira cidade norte-americana a ser exclusivamente governada por muçulmanos e a população multicultural até viu a mudança política com bons olhos, mas agora, perante esta medida, alguns habitantes sentem-se “traídos”, escreve o “The Guardian”.
Após a medida ter sido aprovada de forma unânime, os residentes muçulmanos que assistiam à votação no Conselho Municipal aplaudiram e rapidamente encheram as redes sociais com mensagens como esta: “Cidade sem paneleiros”.
Durante a votação, o vereador Mohammed Hassan, confrontado com os gritos de ativistas pelos direitos LGBTQ+, disse: “Estou a trabalhar para as pessoas, para o que a maioria das pessoas deseja”.
O atual presidente da Câmara, Amer Ghalib, de origem iemenita, disse ao “The Guardian” que houve uma “reação exagerada à situação e algumas pessoas não estão dispostas a aceitar o facto de terem perdido”. O autarca de Hamtramck acusa a comunidade LGBTQ+ de “impor a sua agenda aos outros” residentes mais conservadores.
Na opinião da sua antecessora, Karen Majewski, americana de origem polaca, há um “sentimento de traição” entre a população mais liberal.
A população da cidade é constituída por 28 mil pessoas, das quais cerca de 30% a 38% são de ascendência iemenita e 24% de origem asiática, sobretudo do Bangladesh.
Antes de estes imigrantes se terem tornado na maioria cultural, Hamtramck foi governada durante cerca de um século por católicos ucranianos e polacos. A convivência entre as diferentes comunidades sempre foi pacífica, pelo menos até agora.
O Conselho Municipal, que sempre espelhou a multiculturalidade da cidade, é atualmente composto apenas por homens muçulmanos.
Para Gracie Cadieux, residente que integra o grupo Anti-Transphobic Action, trata-se de um “apagamento da comunidade queer e de uma tentativa de empurrar novamente as pessoas queer para o armário”.
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