Aliados do ex-presidente norte-americano Donald Trump apresentaram esta quarta-feira uma queixa contra o governador da Florida, Ron DeSantis, um dos potenciais rivais do magnata nas primárias Republicanas, por alegada violação das regras de ética e financiamento de campanha. O gabinete de DeSantis classificou as acusações de "frívolas e politicamente motivadas".
A queixa de 15 páginas apresentada hoje pela MAGA Inc - um dos principais comités de ação política que apoiam Trump - pede à Comissão de Ética da Florida que investigue o governador por supostamente "aproveitar-se do cargo para o qual foi eleito e violar os seus deveres associados, num esforço coordenado para desenvolver o seu perfil nacional, aumentar a sua riqueza e a dos seus aliados políticos e influenciar o eleitorado nacional, segundo o documento a que a agencia Associated Press teve acesso.
A queixa diz ainda que DeSantis "já é um candidato de facto a Presidente dos Estados Unidos", citando as reuniões do governador com doadores, contacto de aliados com potenciais funcionários de campanha e os seus diálogos com Republicanos influentes em estados de votação antecipada, entre outros esforços. Contudo, até ao momento, DeSantis não anunciou a sua intenção de concorrer à Casa Branca.
A denúncia pede à Comissão que puna DeSantis destituindo-o do cargo, censurando-o publicamente ou multando-o. A diretora de comunicações de DeSantis, Taryn Fenske, em comunicado, rejeitou a queixa. "É inapropriado usar queixas de ética do estado para fins partidários", argumentou.
A queixa surge num momento em que Trump intensifica as suas críticas a DeSantis, que a campanha do antigo chefe de Estado vê como o seu rival mais sério para a nomeação do Partido Republicano para as presidenciais de 2024.
Trump tentou menosprezar DeSantis com a atribuição de várias alcunhas e concentrou-se nas posições políticas anteriores do governador, incluindo as primeiras restrições à covid-19 da Florida e os seus votos face ao sistema de Segurança Social enquanto era membro do Congresso.
O próprio Trump enfrentou críticas semelhantes antes de anunciar a sua candidatura em novembro, sendo acusado de violar as leis federais de campanha ao arrecadar e gastar dinheiro antes do lançamento formal da campanha de 2024. O magnata nunca foi repreendido ou multado como resultado dessa conduta.
Embora DeSantis ainda não tenha anunciado formalmente uma campanha para 2024, espera-se que o faça após o fim da sessão legislativa da Florida, em maio. Entretanto, o governador viajou para estados de votação antecipada para promover o seu novo livro e reuniu-se com doadores. A sua equipa manteve conversas informais com possíveis funcionários da campanha.
A comissão de nove membros que irá avaliar a queixa contra DeSantis inclui cinco membros indicados pelo próprio governador.
As reclamações muitas vezes não vêm à luz do dia, a menos que sejam divulgadas pela pessoa que as apresentou. A comissão não divulga reclamações ou materiais públicos até que sejam rejeitados ou a menos que a causa provável seja determinada, a fim de proteger a privacidade do seu assunto. Se a comissão considerar que a reclamação é válida, poderá emitir uma multa ou repreensão.
O processo é frequentemente usado por campanhas para levantar questões sobre um oponente, tornando a denúncia pública, embora muitas sejam resolvidas ou indeferidas sem que a comissão encontre uma violação.
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