O Sul foi de Bolsonaro, mas o Nordeste deu a vitória a Lula: mapas e números que explicam a segunda volta das eleições
Banca com artigos associados aos candidatos Jair Bolsonaro e Lula da Silva, no Rio de Janeiro
ERNESTO BENAVIDES/Getty Images
A eleição mais renhida de sempre não teve grandes mudanças em relação à primeira volta: Bolsonaro conquistou mais um Estado que o seu opositor, mas Lula manteve a vitória que tinha conseguido em Minas Gerais – um Estado que é há décadas decisivo para apurar o vencedor das eleições
As eleições brasileiras deste domingo foram as mais renhidas de sempre, e o mapa eleitoral do país mostra isso: Lula da Silva venceu em 13 Estados, Jair Bolsonaro levou a melhor em 14 – incluindo o distrito federal de Brasília.
Tal como na primeira volta, Bolsonaro ganhou no Estado com mais peso eleitoral (São Paulo, com 55,24%) e no terceiro maior (Rio de Janeiro, 56,53%). Por seu lado, o Presidente eleito venceu no segundo maior Estado: alcançou 50,2% em Minas Gerais, cumprindo uma “regra” que se verifica desde as eleições de 1950: o candidato que ganha Minas Gerais também ganha o lugar no Palácio de Brasília.
Esta vitória de Lula em Minas Gerais – um dos Estados mais populosos do Brasil, com mais de 20 milhões de habitantes – já se tinha verificado na primeira volta e era um dos principais motivos de otimismo para a candidatura presidencial da esquerda. Até porque Jair Bolsonaro tinha vencido nesse mesmo Estado nas últimas eleições de 2018, o que na altura contribuiu bastante para a sua eleição para a Presidência.
Agora, Lula manteve a tradição do Partido dos Trabalhadores (PT) e conquistou todo o nordeste brasileiro: os nove Estados desta região – Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe – preferiram o candidato da esquerda, apesar de durante o dia de ontem terem sido reportadas várias operações da Polícia Rodoviária Federal, naquilo que foi visto por muitos como uma tentativa de impedir os eleitores de votar.
Por sua vez, Bolsonaro conquistou os três Estados da região Sul, à semelhança do que aconteceu na primeira volta: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O ainda Presidente também levou a melhor em toda a região centro-oeste, a segunda maior do país em termos de território, mas também a que tem o menor número de habitantes. Aqui estão incluídos os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e o distrito de Brasília.
O Norte foi a região do país com as intenções de voto mais divididas: os Estados do Amazonas, Pará e Tocantins votaram em Lula; Acre, Rondônia, Roraima e Amapá escolheram o atual Presidente derrotado.
Assim, conclui-se que o retrato eleitoral desta segunda volta é bastante similar ao da primeira: os Estados que já eram de Bolsonaro continuaram a preferir o militar, e os que votaram em Lula voltaram a fazê-lo. A única exceção é o já referido Estado do Amapá, no norte do país, que virou: na primeira volta, a 2 de outubro, a maioria da população votou em Lula, quase um mês depois decidiu confiar em Bolsonaro.
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