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África

Líbia: “Morreram o meu pai e o meu tio, e eu ainda não percebo como continuo vivo. O meu prédio manteve-se de pé, ao passo que o deles ruiu”

As equipas de salvamento já não têm muita esperança de que haja sobreviventes entre os escombros
As equipas de salvamento já não têm muita esperança de que haja sobreviventes entre os escombros
Ricardo García Vilanova

Na zona da Líbia mais afetada pelas cheias causadas pela tempestade Daniel, que já vitimaram dezenas de milhares, continua a haver quem resgate cadáveres e procure sobreviventes. Ajuda humanitária vai chegando do estrangeiro e o país tenta unir-se face à tragédia

Ricardo García Vilanova, em Derna (Líbia)

O centro da cidade de Derna parece ter sido bombardeado. A paisagem cinzenta da dezena de edifícios reduzidos a escombros só é interrompida pela quadrilha de homens vestidos de equipamentos de proteção individual brancos e por resgatadores e bombeiros, chegados de diversos países, fardados de vermelho e cinzento. Pelo meio, em muitas esquinas, há homebs sentados sobre pedregulhos, cabisbaixos, junto ao que até há uma semana era a sua casa.

“Quando soubemos do ocorrido, um grupo de conhecidos e eu pegámos no carro e viemos, sem saber que íamos poder fazer. Passaram cinco dias e já recolhemos dezenas de cadáveres. De adultos e de crianças. É uma catástrofe”, explica Ali Milad, mecânico de Bengasi, protegido pelo fato branco que tornou popular em boa parte do mundo durante a pandemia, tal como as máscaras, que os mesmos soldados distribuem à entrada da cidade e em diversos checkpoints para se protegerem do cheiro a decomposição. Esse odor cola-se de imediato à roupa e às fossas nasais, e custa a desaparecer.

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