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Relações amistosas entre África e Rússia vão além do Grupo Wagner, cereais e energia: o que as une afinal?

Relações amistosas entre África e Rússia vão além do Grupo Wagner, cereais e energia: o que as une afinal?
ALEXANDER NEMENOV

A Guerra na Ucrânia dura há mais de um ano e afetou negativamente as economias dos países africanos. Nenhum país daquele continente tomou abertamente partido em relação a qualquer um dos lados, mas as ligações da Rússia em África não são desconhecidas. Afinal, o que une territórios tão distantes? A resposta não é óbvia, e divide o continente africano em regiões de influência. “Muitos governos autoritários dependem da Rússia”, diz o analista Joseph Siegle ao Expresso

Ao contrário de outros países europeus - como França, Itália, Portugal e o Reino Unido -, a Rússia nunca teve presença colonial em África. O passado histórico russo de maior violência está acima de tudo ligado à Ásia Central, à região do Cáucaso e Europa de Leste. Alguns analistas acreditam que, também por esse motivo, a Rússia sempre conseguiu manter relações afáveis com vários países africanos. “A Rússia percebeu que pode ganhar influência em África defendendo autoritários africanos isolados, em fóruns internacionais, e opondo-se ao Ocidente”, explica ao Expresso Joseph Siegle, que lidera as investigações e comunicações estratégicas do Centro de Estudos Estratégicos de África, e que estuda o papel de “atores” estrangeiros - incluindo a Rússia - no continente africano.

As coincidências ideológicas sempre assentaram numa desconfiança face ao Ocidente, mas a Guerra na Ucrânia dividiu o continente africano. Na primeira votação das Nações Unidas, sobre a invasão que começou a 24 de fevereiro de 2022, 141 dos 193 Estados-membros votaram em peso para reafirmar a soberania da Ucrânia e para exigir a retirada imediata das tropas russas. Entre os 54 Estados africanos representados, 28 pronunciaram-se no mesmo sentido que a maioria da assembleia. Já na segunda votação, apenas 19% dos Estados africanos votaram a favor da suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Na terceira ronda de votos, mais de metade dos Estados africanos optaram por não reconhecer a anexação de quatro regiões da Ucrânia pela Rússia. Aliás, a Organização das Nações Unidas observou, em comunicado, que a maioria das abstenções provinha de países de África.

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