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Eleições na Turquia: a caminho da segunda volta, Erdogan contraria sondagens e bate Kilçdaroglu

Eleições na Turquia: a caminho da segunda volta, Erdogan contraria sondagens e bate Kilçdaroglu
MANUEL DE ALMEIDA

Participação recorde leva presidenciais turcas para segunda volta. 49% para 45%, vantagem para Erdogan sobre Kiliçdaroglu

Os resultados ainda são provisórios, mas o caminho para a segunda volta, prevista para 28 de maio, parece traçado. E muito se deve ao terceiro classificado, Sinan Ogan, um nacionalista de direita, que chegou aos 5,3%.

O atual presidente Recep Tayyip Erdogan, há 21 anos no poder, esteve muito próximo da vitória à primeira volta (49%). Kemal Kiliçdaroglu, o candidato da oposição, obteve 45%. Ganhou nas grandes cidades, e em toda a costa mediterrânica da Turquia (mais liberal), enquanto Erdogan prevaleceu nas províncias mais rurais.

Esta vantagem de Erdogan é uma relativa surpresa e contraria a maior parte das sondagens, que dava uma ligeira vantagem ao candidato da oposição. Outra surpresa foi constatar que na zona do sismo, tradicionalmente pró-Erdogan, não parece ter havido grande transferência de voto, com o atual presidente a sobrepor-se a Kiliçdaroglu em quase todas as dez províncias afetadas pelo terramoto.

A contagem dos votos foi marcada por alguma discrepância entre os resultados dados pela Anadolu Ajansi, a agência de notícias próxima do presidente, e a mais independente Anka. Ambas autorizadas a monitorizar e seguir as contagens, a AA sempre deu uma votação em Erdogan superior à da Anka, só convergindo no final da noite.

Mansur Yavas e Ekrem Imamoglu, os presidentes das câmaras de Ancara e Istambul, ambos da oposição, criticaram os “resultados enganosos da AA". Uma “guerra psicológica” em que tanto Erdogan como Kiliçdaroglu apelaram aos seus militantes para se manterem atentos nas mesas de contagem dos votos. Separados por uma diferença mínima todos sabem que qualquer recontagem pode alterar significativamente o sentido da eleição. Erdogan já apareceu em público, muito sorridente. Perante todos os prognósticos eu davam como certa a sua derrota, sabe que o resultado será provavelmente lido como uma meia-vitória.

Já para as legislativas, que também ocorreram hoje, os resultados provisórios indicam que o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, nacionalismo islamita, de Erdogan) e os seus aliados nacionalistas do Partido do Movimento Nacionalista (MHP) ganham a maioria absoluta - agora, como as sondagens sugeriam - conquistando entre 321 e 324 dos 600 deputados (50% do voto). A coligação da oposição terá 212 e 217 deputados (35%), e o partido curdo 62-64 deputados (10%).

Participação recorde

As eleições legislativas e presidenciais na Turquia decorreram sem qualquer incidente, com sessenta milhões de turcos a acorrer às mais de 50,000 assembleias de voto e mais de 190,000 urnas.

Com 89%, a participação foi recorde. Recorde-se que já nas anteriores eleições (2018) a abstenção tinha sido de apenas 14%, uma das mais baixas da Europa.

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