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Ex-primeira-ministra britânica Liz Truss anuncia visita a Taiwan para “mostrar solidariedade”

Ex-primeira-ministra britânica Liz Truss anuncia visita a Taiwan para “mostrar solidariedade”
Carl Court

Depois de discursos em que sugeriu que o Reino Unido deve enviar armas defensivas para Taiwan, a efémera governante conservadora vai visitar a ilha. Truss refere o comportamento “cada vez mais agressivo” de Pequim. As viagens de figuras políticas a Taiwan tendem a ser vistas pela China como forma de interferência, e costumam gerar tensão

Ex-primeira-ministra britânica Liz Truss anuncia visita a Taiwan para “mostrar solidariedade”

Salomé Fernandes

Jornalista da secção internacional

Liz Truss ficou na história do Reino Unido por ter ocupado o cargo de primeira-ministra apenas 45 dias. Foi o mandato mais curto na liderança de um Governo britânico. Apesar de se ter demitido, não se remeteu ao silêncio político. Esta terça-feira o seu gabinete fez um anúncio que pode criar tensões entre o Reino Unido e a China: na próxima semana vai visitar Taiwan, onde fará um discurso.

“Taiwan é um farol de liberdade e democracia. Estou ansiosa por mostrar solidariedade com o povo taiwanês em pessoa, perante a retórica e comportamento cada vez mais agressivos do regime de Pequim”, disse a conservadora em comunicado, citada pela agência Reuters. Prevê-se que durante a viagem tenha encontros com membros do Executivo de Taiwan.

A decisão de Truss desagradará à China, que tem manifestado oposição a visitas diretas de dirigentes estrangeiros a Taiwan. A República Popular encara Taiwan como território chinês. A região é reconhecida por apenas 13 países, apesar de várias figuras políticas ocidentais terem visitado a ilha ao longo dos últimos anos.

Mísseis depois da visita de Pelosi

Em agosto de 2022, a então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, visitou Taiwan. Pequim reagiu disparando mísseis balísticos para as águas circundantes.

Em março, quando Taiwan anunciou que um grupo de seis deputados britânicos iriam encontrar-se com a Presidente Tsai Ing-wen em Taipé, a embaixada da China em Londres acusou-os de “interferência grosseira nos assuntos internos da China” e “sinal errado às forças separatistas” da região, escreveu a Reuters. Os exemplos são vários e incluem Portugal. Um grupo de sete deputados portugueses (do PSD e do PS) deslocou-se em abril à ilha a que os portugueses chamaram Formosa.

O foco de Truss em Taiwan não é novo. Ainda antes de ter passado pela liderança do Governo, afirmou que o Reino Unido devia aprender com a invasão da Ucrânia e sugeriu que fornecesse armas defensivas a Taiwan. A ideia ressurgiu num discurso em Tóquio, já este ano.

A ex-primeira-ministra argumentou que seria “desastroso” a China deter controlo sobre Taiwan que fortalecer os laços económicos e de defesa seria uma forma de “ajudar a proteger Taiwan e a liberdade”. “Devemos aprender com o passado. Devemos assegurar que Taiwan é capaz de se defender”, afirmou em fevereiro.

Pouco depois, Truss criticou o Presidente francês pela visita que fez à China. Segundo o jornal digital “Politico”, a ex-governante criticou Emmanuel Macron por “sugerir que Taiwan não é do interesse direto da Europa”.

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