Internacional

Irão: desafiar a obrigatoriedade do uso do véu islâmico será julgado "sem piedade"

O Governo iraniano colocou, no centro de Teerão, um grande cartaz com várias mulheres a usar o lenço, isto quando muitas outras lutam para não ter de o usar
O Governo iraniano colocou, no centro de Teerão, um grande cartaz com várias mulheres a usar o lenço, isto quando muitas outras lutam para não ter de o usar
Getty Images

Os meses passam e o Irão continua sem dar sinais de recuo quanto à obrigatoriedade das mulheres usarem o véu islâmico em público. O responsável pela justiça iraniana ameaça que o incumprimento da medida será julgada “sem piedade” e um deputado pede mais medidas

O Irão volta a dar sinal de que não há recuo na obrigatoriedade do uso do véu islâmico. O responsável pela justiça iraniana, Gholamhossein Mohseni Ejei, disse que as mulheres que aparecerem em público sem cumprirem essa regra serão julgadas “sem piedade”.

Ejei comparou a falta de uso do véu islâmico a “inimizade” com os valores do país e ameaçou que “quem cometer tais actos anómalos será punido”, noticiou o ‘The Guardian’. Além disso, o responsável pela justiça iraniana disse que os agentes são obrigados a reportar às autoridades judiciais quaisquer “crimes óbvios e qualquer tipo de anomalia contra a lei religiosa”.

As restrições do código de vestuário mantêm-se apesar dos protestos que duram há vários meses no Irão.

O Ministério do Interior disse que não haveria recuo na obrigatoriedade de uso do véu islâmico em público, mas um deputado iraniano pretende que as autoridades tomem medidas ainda mais duras contra quem desafia as regras. Segundo a BBC, Hossein Ali Haji Deligani disse que se o judiciário não adotar medidas para impedir as mulheres de infringirem as regras de uso do véu islâmico durante as próximas 48 horas, um grupo de deputados apresentaria uma proposta de lei sobre o tema.

A morte de Mahsa Amini, detida por usar o véu incorretamente e que veio a morrer no hospital, provou uma onda de protestos que se mantiveram ao longo de meses. O procurador-geral do Irão anunciou em dezembro que a polícia da moralidade tinha sido abolida no país, sem avançar detalhes.

Um especialista independente das Nações Unidas disse em março que as ações das autoridades iranianas podem constituir crimes contra a humanidade, escreveu a Reuters. Javaid Rehman disse ter evidência de que Amini morreu “em resultado de espancamento da polícia da moralidade”, contrariamente ao que foi anunciado pelo relatório do médico legista que apontava para condições médicas pré-existentes.

Rehman indicou às Nações Unidas que cerca de 527 pessoas morreram nos protestos, incluindo 71 crianças, e criticou a execução de pelo menos quatro pessoas com ligações aos protestos.

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