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Vitória republicana pode travar queda das bolsas: “Os mercados gostam de impasses políticos” entre a Casa Branca e o Capitólio

Edifício do Capitólio, em Washington
Edifício do Capitólio, em Washington
TOM BRENNER

Historicamente, o comportamento das bolsas de valores nos Estados Unidos tem subido sempre, e de forma significativa, entre a data das eleições intercalares e junho do ano seguinte. Os analistas financeiros contam com as eleições intercalares nos EUA para estimular o mercado bolsista norte-americano

Os analistas financeiros contam com as eleições intercalares nos EUA para estimular o mercado bolsista norte-americano, que tem caído substancialmente, baseados em registos históricos e na probabilidade de uma vitória dos republicanos.

Historicamente, o comportamento das bolsas de valores nos Estados Unidos tem subido sempre, e de forma significativa, entre a data das eleições intercalares e junho do ano seguinte.

Entre 1954 e 2017, as bolsas nos EUA registaram retornos positivos em média de cerca de 25% nos três trimestres seguintes às eleições intercalares, embora após as mais recentes (2017) o valor de subida tenha sido bem mais baixo.

“Desta vez, é muito difícil fazer previsões, até porque há muitas variáveis de risco: o comportamento da inflação, os números do desemprego, a evolução da guerra na Ucrânia”, disse à Lusa Gabrielle Simmons, analista de mercados financeiros, a trabalhar numa corretora em Chicago.

Para esta analista, há ainda uma razão política para que o comportamento das bolsas possa ser animador.

“Está a crescer a probabilidade de os republicanos ficarem a dominar o Congresso. Nesse cenário, pode instalar-se um clima de impasse entre a Casa Branca e o Capitólio. E os mercados gostam de impasses políticos”, explicou Simmons.

A analista refere-se ao facto de as empresas saberem que esses impasses políticos anulam a possibilidade de fazer aprovar nova legislação, muitas vezes contraproducente para os mercados.

“Com os democratas na Casa Branca e os republicanos a dominarem o Congresso, provavelmente apenas conseguirão passar as leis menos controversas. E são dessas que os mercados gostam”, concluiu a analista.

Em sentido contrário, os analistas lembram que o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, prometeu continuar a subir as taxas de juro de referência, invocando-as como a forma mais eficaz de combater a inflação, que permanece em níveis considerados preocupantes (em setembro, estava em 8,2%).

“As bolsas de valores, invariavelmente, têm mau comportamento quando os juros estão elevados”, recordou Simmons.

Ao mesmo tempo, os analistas apontam para a incerteza provocada pela guerra na Ucrânia, para a crise energética e para o instável mercado de trabalho como fatores que provocam instabilidade, com a consequente descida das bolsas.

Por outro lado, os mercados de valores já estão na fase “bear market” (de contração do preço dos ativos) e podem ter já assimilado todas estas incertezas, pelo que o seu comportamento pode melhorar, antes mesmo de a economia recuperar.

E, nessa eventualidade, a tradição histórica de subida das bolsas de valores após as eleições intercalares pode repetir-se a partir de novembro.

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