Ataque ao Capitólio: Steve Bannon condenado a quatro meses de prisão por se recusar a cooperar com investigação do Congresso
O ideólogo da extrema-direita norte-americana e aliado de Donald Trump ainda pode recorrer da decisão do tribunal
O ideólogo da extrema-direita norte-americana e aliado de Donald Trump ainda pode recorrer da decisão do tribunal
Jornalista
Steve Bannon, um dos principais ideólogos da extrema-direita norte-americana e ex-conselheiro de Donald Trump, foi condenado a quatro meses de prisão e a uma multa de 6500 dólares por se recusar a colaborar com a investigação do Congresso norte-americano ao ataque ao Capitólio, que ocorreu no ano passado. Bannon já tinha sido considerado culpado por desobediência ao Congresso em julho, mas a sentença só agora foi confirmada.
Assim, pode tornar-se a primeira pessoa em mais de 50 anos a ser privada da sua liberdade por não cumprir uma intimação do Congresso. O tribunal confirmou que vai impor a pena, mas autorizou Bannon a ficar em liberdade até que um eventual recurso esteja terminado.
“Ignorar intimações do Congresso mostra uma falta de respeito pelo poder legislativo, que exerce a vontade do povo dos Estados Unidos”, lembrou o juiz Carl J. Nichols, do tribunal do distrito de Columbia (Washington D.C.), onde o caso está a ser julgado. Bannon “não mostrou quaisquer remorsos" e “não assumiu responsabilidade por se ter recusado a obedecer à intimação" judicial, justificou o juiz.
Bannon foi julgado e considerado culpado em julho por desrespeito ao Congresso (contempt), dado que ignorou os pedidos da justiça para testemunhar sobre o seu envolvimento nos acontecimentos do ataque que vitimou cinco pessoas – e que levou ao suicídio de quatro agentes da polícia nos meses seguintes.
Em julho, o conselheiro de Trump chegou a tentar adiar o julgamento, mas o tribunal rejeitou esse pedido. O estratega político negou sempre ter cometido qualquer crime. Por outro lado, os procuradores pediram um mínimo de seis meses de prisão e uma multa máxima de 200 mil dólares, acusando Bannon de usar uma "retórica que se arrisca a inspirar a violência”.
Esta sexta-feira, Bannon recusou falar perante o tribunal. “Os meus advogados já falaram por mim, senhor juíz”, afirmou. A defesa argumentou que Bannon agiu dentro dos limites da Constituição dos EUA e garantiu que o seu cliente está a ser vítima de uma vingança política levada a cabo por um Congresso “ilegítimo”. “Deixar que o Congresso seja o árbitro da sua própria autoridade é tirania”, apontaram.
A investigação não deverá ficar por aqui. Na semana passada, o Congresso norte-americano votou favoravelmente no sentido de intimar o ex-presidente Donald Trump a testemunhar e a divulgar documentos relacionados com o ataque de 6 de janeiro de 2021, na ressaca das eleições presidenciais que deram a vitória a Joe Biden.
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