Um duplo assassinato num bar gay na capital da Eslováquia está a chocar este país do leste europeu, e levou a sua chefe de Estado a dar conta de um clima político que, segundo ela, alimenta o ódio. A Presidente Zuzana Caputova chamou a este assassinato de dois homens ocorrido na passada quarta-feira, dia 12, num bar gay de Bratislava, de um crime de ódio contra a comunidade LGBTQIA+ da Eslováquia, produto de “declarações estúpidas e irresponsáveis de políticos”, escreveu num post no Facebook.
“Nós, políticos, somos responsáveis por cada palavra que pronunciamos, mas muitos aqui imprudentemente preenchem o espaço com ódio”, disse a Presidente.
Na sequência deste ataque, dois homens foram mortos e uma mulher ficou ferida depois que um atirador ter disparado no dia 12 de outubro frente a um bar LGBTQIA+ de Bratislava, chamado Tepláreň.
Devido aos contornos de crime de ódio do ataque, autoridades eslovacas ponderam considerar os crimes como terrorismo. De acordo com o site esqrever, o ministro eslovaco Daniel Lipsic afirmou que mais evidências estavam a ser examinadas: “A suspeita é que o motivo desse ato foi desestabilizar a sociedade“, disse. “Esses pontos levam-nos à possível consideração de que poderemos classificar esse crime como um ato de terrorismo.”
O alegado suspeito do tiroteio, cujo corpo foi encontrado após a sua busca, terá sido motivado a realizar os ataques por crenças em políticas odiosas. O suposto autor do crime, de 19 anos terá escrito um longo manifesto homofóbico e antissemita no Twitter antes do ataque, incluindo hashtags com frases como “crime de ódio” e “bar gay”. Ele será filho de um ex-candidato a um partido político de extrema-direita.
Este sábado a vigília reuniu 20.000 pessoas a lamentar a morte dos dois homens e em solidariedade com a comunidade LGBTQIA+ na Eslováquia.
A presidente eslovaca Zuzana Caputova declarou ainda durante o evento: “Sinto muito que a nossa sociedade não tenha sido capaz de proteger os seus entes queridos. Vocês pertencem aqui, vocês são valiosos para a nossa sociedade.“
Também o primeiro-ministro da Eslováquia Eduard Heger condenou os ataques ao dizer que “nenhuma forma de supremacia branca, racismo e extremismo contra as comunidades, incluindo a LGBTQIA+, pode ser tolerada.”
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