Quem é Sergei Surovikin, o "herói" da Síria, que Putin nomeou para comandar exército na Ucrânia

O até agora comandante das tropas russas no sul da Ucrânia assume a liderança de toda a “operação especial”.
O Ministério da Defesa russo anunciou este sábado a nomeação de Sergei Surovikin como novo comandante para sua "operação militar especial" na Ucrânia, após reveses no terreno e sinais de crescente descontentamento entre as elites sobre a condução do conflito.
Surovikin, foi nos últimos anos o líder das Forças Aeroespaciais russas e é conhecido nos meios militares sobretudo por ter comandado as tropas russas na Síria em 2015. Na altura, foi considerado “herói” da Federação Russa. “O general do exército Sergei Surovikin foi nomeado comandante do grupo combinado de tropas na área de operações militares especiais” na Ucrânia, anunciou o Ministério da Defesa russo no Telegram.
Surovikin foi, nos últimos anos, o líder das Forças Aeroespaciais russas e é conhecido nos meios militares sobretudo por ter comandado as tropas russas na Síria em 2015. Na altura, foi considerado “herói” da Federação Russa. Sob o seu comando a luta contra a oposição síria virou: o governo de Assad recuperou mais de 50% do controlo do país até o final de 2017, após uma série de campanhas militares bem-sucedidas - que incluíram acusações de ataques químicos. Segundo especialistas militares, foi Surovikin quem conseguiu virar a maré da guerra na Síria
O general de 55 anos, é também um veterano da guerra civil no Tajiquistão na década de 1990, da segunda guerra na Chechênia na década de 2000.
O agora novo comandante dos soldados russos liderava, até aqui, o grupo de forças “Sul” na Ucrânia, de acordo com um relatório do ministério russo datado de julho.
Há alguns meses, o Ministério da Defesa do Reino Unido deixou um comentário sobre o escolhido de Putin: “Por mais de trinta anos, a carreira de Surovikin foi perseguida por alegações de corrupção e brutalidade”.
Em fevereiro de 2022, foi adicionado à lista de sanções da União Europeia.
O nome do antecessor de Surovikin nunca foi revelado oficialmente, mas a imprensa russa falava do general Alexander Dvornikov, também veterano da segunda guerra chechena e comandante das forças russas na Síria de 2015 a 2016.
Esta decisão tornada pública por Moscovo, surge após uma série de derrotas sofridas pelo exército russo na Ucrânia e no dia em que uma explosão destruiu parcialmente a Ponte da Crimeia, uma infraestrutura fundamental para abastecer esta península anexada por Moscovo e forças russas na Ucrânia.
As forças russas foram expulsas de grande parte da região nordeste de Kharkiv no início de setembro por uma contra-ofensiva ucraniana que permitiu que Kiev retomasse milhares de quilómetros quadrados de território.
As tropas russas também perderam 500 quilómetros quadrados de território na região de Kherson, no sul da Ucrânia, e escaparam por pouco do cerco em Lyman, um centro logístico agora nas mãos do exercito ucraniano.
Sobre a explosão que ocorreu na ponte que liga a Rússia continental à península da Crimeia, esta aconteceu na sequência, de acordo com as agências de notícias RIA Novosti e Tass, de um incêndio num depósito de combustível.
A circulação rodoviária na ponte foi cortada, apesar de se tratar de um ponto de acesso chave que Rússia construiu depois de ter ocupado e anexado a Crimeia da Ucrânia, em 2014, em violação do direito internacional.
O incêndio aconteceu horas após explosões terem atingido a cidade ucraniana de Kharkiv, esta manhã.
Segundo a União das Seguradoras da Rússia, os danos causados à ponte devem ficar entre os 3,3 milhões e os 8,2 milhões de euros.
A ponte é um símbolo da anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, uma infraestrutura que é cara a Vladimir Putin.
Estes reveses já provocaram críticas na elite russa, com o líder checheno Ramzan Kadyrov a ser muito crítico do comando militar, enquanto um alto funcionário parlamentar, Andrei Kartapolov, pediu publicamente ao exército que “pare de mentir”.
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