Internacional

Operação policial em favela do Rio de Janeiro causa pelo menos 18 mortos

Operação policial em favela do Rio de Janeiro causa pelo menos 18 mortos
Andre Coelho/EPA/Lusa

Cerca de 400 agentes, quatro aviões e dez veículos blindados estiveram envolvidos numa ação no Complexo do Alemão na quinta-feira. Residentes acusam autoridades de invasão de casas, naquela que poderá ser “uma das operações com maior número de mortes” na cidade

Pelo menos 18 pessoas morreram numa operação policial que decorreu na quinta-feira no Complexo do Alemão, uma favela no Rio de Janeiro, no Brasil. Entre as vítimas estão 16 pessoas suspeitas de pertencer a um grupo criminoso, um agente da polícia com 38 anos de idade e uma moradora de 50 anos.

O número de mortos poderá ser superior: a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil disse à agência noticiosa AFP que recebeu informações sobre 20 vítimas. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro alertou para a existência de “sinais de grandes violações dos direitos humanos” e para a “possibilidade de esta ser uma das operações com maior número de mortes no Rio de Janeiro”.

Os residentes contaram à imprensa brasileira que uma intensa troca de tiros começou de madrugada e acusam as autoridades de invadirem casas e de falta de assistência aos feridos. A operação envolveu cerca de 400 agentes das forças de segurança, quatro aviões e dez veículos blindados. O objetivo era desmantelar uma alegada organização criminosa suspeita de roubo de carga e assaltos a bancos, que planeava incursões em bairros rivais, de acordo com a Polícia Militar.

O coronel Rogério Lobasso, representante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, lamentou a morte da moradora e indicou que o caso “está sob investigação”. “Não sabemos como aconteceu”, afirmou em conferência de imprensa. Ao portal de notícias brasileiro g1, o namorado da vítima contou que estavam no carro quando o veículo foi alvejado. “Não estava havendo confronto, chegando no sinal eu parei. Mesmo assim, eles vendo os vidros abertos, alvejaram o carro. Vi-a caindo para o meu lado, quando olhei tinha um furo no peito”, relatou Denilson Glória.

Nas redes sociais, o Presidente brasileiro lamentou a morte do agente da polícia, sem mencionar as restantes vítimas. “Ele morreu após um confronto com bandidos”, disse Jair Bolsonaro, que também criticou as dificuldades legais enfrentadas pelas forças de segurança para pôr em prática este tipo de operações.

A ação policial mais letal no Rio de Janeiro ocorreu em maio do ano passado – provocou a morte de 28 pessoas na favela do Jacarezinho. Já em maio deste ano, 25 pessoas foram mortas numa operação policial na Vila Cruzeiro.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: scbaptista@impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate