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EUA. Trump concede mais de 140 perdões e comutações de pena a poucas horas de sair da Casa Branca

EUA. Trump concede mais de 140 perdões e comutações de pena a poucas horas de sair da Casa Branca
Tasos Katopodis/Getty Images

O antigo conselheiro e ideólogo Steve Bannon é um dos perdoados, bem como o 'rapper' Lil Wayne, que apoiou Trump durante a campanha. A presidência dos EUA muda nas próximas horas

O Presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump, perdoou e comutou esta quarta-feira penas a mais de 140 pessoas, entre elas o antigo conselheiro Steve Bannon, a poucas horas de terminar o mandato.

No total, Trump concedeu perdões a 73 pessoas e reviu penas a outras 70, numa lista que inclui ex-membros do Congresso, aliados políticos, membros da sua família e até o famoso 'rapper' Lil Wayne.

O músico foi considerado culpado pelo crime e posse ilegal de arma de fogo, que a polícia encontrou, carregada, no jato privado de Wayne. Além da arma, foram encontradas drogas como cocaína, ecstasy, marijuana, heroína e analgésicos, além de 26 mil dólares em dinheiro, mas a pena de Wayne não refletiu nenhum desses factos. Poucas semanas antes da eleição, o famoso 'rapper' tinha mostrado apoio a Donald Trump por, entre outras coisas, o trabalho de “reforma criminal”.

Kodak Black, também 'rapper', também condenado pelo crime de posse ilegal de armas, viu igualmente a pena perdoada.

Ao contrário do que se chegou a aventar, o Presidente cessante não concedeu um autoindulto, nem a nenhum membro da família Trump ou do ex-advogado pessoal, Rudy Giuliani.

Nos últimos dias foram vários os nomes apontados ao perdão de penas, nem todos certeiros: também Julian Assange ficou fora da lista de indultos, ainda que a imprensa norte-americana avance a hipótese de que alguns desses perdões não tenham sido tornados públicos.

Dos que se conhecem, que estão todos publicados na página da Casa Branca, o perdão de Steve Bannon é porventura o mais impactante. O ex-editor do site supremacista Breitbart aguarda julgamento por fraude, após ter sido preso em agosto passado, acusado de desviar dinheiro da We Build the Wall, uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de angariar fundos para construir o propalado muro na fronteira com o México. Bannon é acusado de desviar dinheiro da campanha online, “pelo menos parte da qual usou para cobrir centenas de milhares de dólares em despesas pessoais”.

Steve Bannon foi detido em 2020, acusado de fraude e desvio de fundos. No último dia na cadeira de Presidente dos EUA, Trump concedeu um indulto preventivo ao aliado e estratega da campanha presidencial de 2016
David Hume Kennerly / Getty Images

Os últimos meses têm sido pródigos em perdões por parte de Donald Trump. Na página do Departamento de Justiça dos EUA é possível ver todos os indultos concedidos durante o mandato de quatro anos: só entre novembro e dezembro foram 41.

Um deles foi George Papadopoulos, antigo conselheiro de política externa de Donald Trump e um dos primeiros visados na investigação do procurador especial Robert Mueller à interferência russa nas eleições de 2016. Outro foi Paul Manafort, antigo diretor de campanha de Trump, condenado em março de 2019 por crimes financeiros descobertos na mesma investigação.

A prática de emitir perdões no último dia do mandato faz parte da tradição presidencial. Barack Obama perdoou ou encurtou sentenças de 330 pessoas, um número recorde, bem superior ao que tinha deixado o antecessor, George W. Bush.

Aliás, o ex-Presidente, eleito pelo Partido Republicano, escreveu nas suas memórias (no livro “Decision Points”) que uma das grandes surpresas da sua presidência foi “a enxurrada de pedidos de perdão no final”. Bush conta que não queria acreditar na quantidade de pessoas que o “puxaram para o lado para sugerir que um amigo ou ex-colega merecia um perdão”.

O democrata Joe Biden toma posse esta quarta-feira, 20 de janeiro, como Presidente dos EUA, numa Washington deserta, por causa da pandemia, e invadida por 25 mil soldados, por causa da segurança.

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