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Trump continua a distribuir indultos: agora foi para Paul Manafort, Roger Stone e Charles Kushner

Donald Trump
Donald Trump
Hannah McKay / Reuters

Perdões ao antigo diretor de campanha, ao consultor político e velho amigo e ainda ao sogro de Ivanka Trump estão a ser polémicos

A onda de indultos e perdões continua na Casa Branca. Depois de na terça-feira se ter tido conhecimento de 15 indultos, alguns deles controversos por envolverem condenados na investigação à interferência da Rússia nas eleições e outros por crimes no Iraque, Donald Trump concedeu agora clemência a Paul Manafort, Roger Stone e Charles Kushner, conta o “New York Times”. Na quarta-feira à noite foram comunicados 26 indultos no total.

Paul Manafort, o antigo diretor de campanha do ainda Presidente norte-americano, foi condenado em março de 2019 por crimes financeiros descobertos durante a investigação do procurador especial Robert Mueller, que procurava o rasto da interferência russa nas eleições de 2016 que elegeram Donald Trump. A acusação pedia entre 19 e 24 anos de prisão, mas a pena ficou-se na altura por sete anos e meio. Manafort saiu da prisão em maio devido à pandemia de covid-19, cumprindo a pena em casa.

Roger Stone, consultor político e velho amigo de Trump, foi condenado em fevereiro de 2020 a 40 meses de prisão depois de ter sido declarado culpado de sete crimes, entre eles mentir ao Congresso, obstrução à justiça e intimidação de testemunhas. Trump mandou depois reduzir a sentença do amigo e ex-conselheiro, o que levou à abertura de uma investigação por parte do Partido Democrata.

O terceiro indulto que está a ter grande expressão nos Estados Unidos é o de Charles Kushner, o pai do marido de Ivanka Trump, a filha do Presidente. Jared Kushner, o filho de Charles e marido de Ivanka, é conselheiro da Casa Branca. Kushner foi condenado a dois anos de prisão em 2004 por, entre outras coisas, acusações de evasão fiscal, crimes de financiamento de campanha e adulteração de testemunhas, explica a BBC. O perdão de Kushner foi, escreve o “NYT”, um dos mais esperados da presidência de Trump.

O mesmo artigo da BBC destaca quem ficou de fora desta onda clemente natalícia de Trump: Rick Gates, que era adjunto de Manafort, e Michael Cohen, o ex-advogado do Presidente, são os nomes mais sonantes. Estes dois elementos, outrora do lado de Trump, cooperaram com a justiça federal durante a investigação de Mueller.

Na sequência dos perdões acima descritos, Cohen publicou no Twitter que este episódio demonstra quão danificado está o sistema criminal de justiça. “Apesar de eu e a minha família estarmos a ser ameaçados pelo Presidente Donald Trump, continuo a cooperar com uma dezena de agências federais e estatais, com Mueller, com o Congresso… e todos estes criminosos recebem perdões. Isto é errado!”

QUEM FOI PERDOADO

Donald Trump já havia concedido e anunciado 15 indultos na terça-feira. Entre essa jorrada de clemências está George Papadopoulos, um antigo conselheiro de política externa do Presidente durante a campanha de 2016. Papadopoulos admitiu em 2017 ter prestado falsas declarações às autoridades federais durante a investigação conduzida por Robert Mueller, que buscava como já vimos encontrar interferências do Kremlin na corrida à Casa Branca de 2016.

Alex van der Zwaan, um advogado que também se declarou culpado, em 2018, da mesma acusação que Papadopoulos também foi indultado pelo Presidente cessante. Estas duas figuras proeminentes no inquérito que procurou encontrar provas da interferência do Kremlin nas presidenciais que elegeram Trump estiveram detidas durante um curto período e agora foram perdoadas.

A lista de perdões também incluiu quatro seguranças da empresa Blackwater que foram condenados pelo homicídio de cidadãos iraquianos enquanto trabalhavam como empreiteiros em 2007. Um destes é Nicholas Slatten, que foi condenado a prisão perpétua pelo Departamento da Justiça dos Estado Unidos pelo envolvimento no homicídio de 17 civis iraquianos na Praça de Nisour, em Bagdad, um evento que é uma das maiores manchas da presença norte-americana na guerra no Iraque.

Também outros três antigos membros do Congresso foram perdoados por Donald Trump: Duncan Hunter (Califórnia), Chris Collins (Nova Iorque) e Steve Stockman (Texas). Duncan Hunter ia começar a cumprir uma pena de 11 meses a partir de janeiro depois de se ter declarado culpado, em 2019, de má utilização de fundos de uma campanha. Já o antigo congressista de Nova Iorque, um dos primeiros apoiantes de Trump na corrida à Casa Branca em 2016, está atualmente a cumprir uma pena de 26 meses depois de também se ter declarado culpado, no ano passado, de prestar falsas declarações ao Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla inglesa) e de conspirar para cometer fraude na área da segurança. Steve Stockman foi condenado em 2018 por fraude e lavagem de dinheiro e estava a cumprir uma pena de dez anos.

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