O advogado da família de Jacob Blake disse esta terça-feira que será necessário um “milagre” para o afro-americano de 29 anos voltar a andar, depois de ter sido atingido a tiro várias vezes no domingo pela polícia em Kenosha, no estado norte-americano do Wisconsin.
Horas antes, Ben Crump, que representa a família, escreveu no Twitter que Blake está “atualmente paralisado da cintura para baixo”, acrescentando que ele e os seus entes queridos “rezam para que não seja permanente”.
Em entrevista ao jornal “Chicago Sun-Times”, o pai confirmou o estado atual de Blake e disse: “Quero colocar a mão na face do meu filho e beijá-lo na testa. Nessa altura, estarei bem.” O pai esclareceu ainda que o filho tem “oito buracos” no corpo.
O pai, que também se chama Jacob Blake e que viajou de Charlotte, no estado da Carolina do Norte, até Kenosha para acompanhar o seu filho, precisou que foi informado sobre o incidente no domingo à noite e que, alguns minutos depois, viu o vídeo que circulava nas redes sociais e que foi divulgado pelos media norte-americanos.
Um vídeo captado por um telemóvel mostra um afro-americano, acompanhado por dois agentes policiais brancos com armas em punho, enquanto contorna um veículo todo-o-terreno. O homem é encaminhado para o interior do veículo e, assim que abre a porta e tenta instalar-se no lugar do condutor, um polícia puxa-lhe a camisa e dispara vários tiros nas costas.
O advogado de direitos civis Ben Crump afirmou na segunda-feira que os três filhos de Blake estavam no interior do veículo quando a polícia disparou, indicando ainda que a vítima estava a tentar apaziguar uma discussão entre duas mulheres.
Crump é o advogado que representa a família de George Floyd, um afro-americano que morreu asfixiado pelo joelho de um polícia branco em maio passado, na cidade norte-americana de Minneapolis. O caso de Floyd desencadeou e continua a desencadear manifestações antirracismo e contra a violência policial nos EUA.
Após o incidente envolvendo Blake, os protestos também chegaram às ruas de Kenosha. Na segunda-feira, pela segunda noite consecutiva, centenas de manifestantes desafiaram o recolher obrigatório, entretanto decretado pelas autoridades locais, e foram protestar para as ruas daquela cidade. Durante os protestos, a polícia recorreu a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, que exigiam justiça racial.
Os manifestantes atiraram garrafas e dispararam engenhos pirotécnicos contra os operacionais das forças de segurança que estavam a proteger as instalações do tribunal local.
Na segunda-feira, o Departamento de Justiça do estado do Wisconsin anunciou a abertura de um inquérito criminal sobre este caso, informando ainda que os polícias envolvidos no incidente tinham sido colocados “em licença administrativa”.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt