Um mandato de Trump o país aguenta, dois já seria demais, diz John Bolton
O antigo conselheiro de segurança nacional dos EUA continua a promover o seu livro, cuja publicação o governo tentou impedir
O antigo conselheiro de segurança nacional dos EUA continua a promover o seu livro, cuja publicação o governo tentou impedir
Jornalista
John Bolton está imparável. O ex-conselheiro de segurança nacional nacional norte-americano, cujos dezassete meses no cargo foram um recorde na era de Donald Trump, publicou recentemente um livro de memórias sobre a sua experiência ("The Room Where It Happened" - a sala onde aconteceu) que está a dar muito que falar, pelo retrato negativo que faz de Trump e pelas tentativas que este fez de impedir a publicação.
Agora, Bolton deu uma entrevista à cadeia ABC onde a certa altura lhe perguntam como acha que a História irá recordar Donald Trump. Resposta: "Tenho esperança que o recorde como um presidente de um mandato que não precipitou irremediavelmente o país numa queda em espiral. Podemos aguentar um mandato. Dois, já me preocupa mais".
Segundo Bolton conta no livro, o Presidente foi inicialmente atraído pela ideia de trabalhar com ele graças às suas prestações como comentador na Fox News, um canal que Trump vê constantemente. O cargo que Bolton acabou por ocupar foi apenas um daqueles para que chegou a ser considerado; outro teria sido o de secretário de Estado, atualmente ocupado por Mike Pompeo, um aliado de Bolton que ele não poupa às suas indiscrições, chegando a relatar alegados comentários depreciativos que Pompeo teria feito a respeito de Trump nas costas deste.
Sentindo que estava a ser marginalizado em decisões importantes, Bolton acabou por abandonar o governo (Trump diz que foi ele quem o despediu). "The Room Where It Happened" é a sua resposta, e caiu como uma bomba, apesar de Bolton ser criticado por se ter recusado a depôr no processo de impeachment de Trump (o antigo conselheiro diz que não teria feito qualquer diferença na decisão final), aparentemente para rentabilizar o mais possível as revelações do livro, cujo adiantamento foi de dois milhões de dólares.
Embora Bolton seja visto negativamente pela esquerda, e não só, dado o seu papel na guerra do Iraque e as posições de 'falcão' que costuma tomar, o retrato que o livro faz de caos na Casa Branca e de um presidente impreparado, a nível intelectual e de temperamento, para o lugar que ocupa, tem tido amplo eco entre os meios políticos e na imprensa. Numa altura em que Trump se encontra politicamente em dificuldades, é mais um testemunho negativo que se vem somar a outros publicados anteriormente - e o primeiro escrito por alguém que participou em decisões ao mais alto nível do governo.
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