Internacional

Coronavírus. Novo balanço: 80 mortos e 2.744 casos na China. Epidemia chegou a 12 outros países

Um homem usa uma máscara em Paris. Em França já foram detetados vários casos de infeção por Coronavírus
Um homem usa uma máscara em Paris. Em França já foram detetados vários casos de infeção por Coronavírus
BENOIT TESSIER/REUTERS

Não há novas mortes confirmadas fora da província de Hubei, cuja capital, Wuhan, é considerada o epicentro do vírus respiratório. O Governo de Pequim justifica as medidas de isolamento e restrições de viagens com a necessidade de “reduzir eficazmente as reuniões em massa” e “bloquear a propagação”. As escolas adiaram a sua reabertura até novo aviso

As autoridades chinesas anunciaram esta segunda-feira que o número de mortos resultante do surto de coronavírus subiu para 80. O total de casos confirmados em todo o país chega agora aos 2.744.

Embora não haja novas mortes confirmadas fora da província de Hubei, o valor nacional de infeções verificadas aumentou em 769, cerca de metade delas naquela província do centro do país, cuja capital, Wuhan, é considerada o epicentro do coronavírus.

Ainda segundo a Comissão Nacional de Saúde, 461 dos infetados encontram-se em estado grave.

Feriado do Ano Novo prolongado

A China prolongou por três dias o feriado do Ano Novo Lunar, até 2 de fevereiro, para desencorajar viagens e tentar conter a propagação do coronavírus.

Dezenas de milhões de chineses que visitaram as suas cidades natal ou pontos turísticos deveriam regressar a casa esta semana no maior movimento de pessoas a nível mundial que se repete todos os anos, aumentando o risco de o vírus se espalhar em comboios e aviões lotados.

Primeiro-ministro chinês visita epicentro da epidemia

A China isolou Hubei numa operação sem precedentes que afeta dezenas de milhões de pessoas e visa retardar a transmissão do vírus respiratório.

Em comunicado, o Governo de Pequim justificou as medidas com a necessidade de “reduzir eficazmente as reuniões em massa” e “bloquear a propagação da epidemia”. As escolas adiaram a sua reabertura até novo aviso.

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, visitou Wuhan esta segunda-feira para verificar os esforços em curso para conter a epidemia, tendo falado com pacientes e pessoal médico, acrescentou o Governo.

Foram confirmados casos nas regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong, onde os locais de comemoração do Ano Novo Lunar deram lugar a centros de quarentena. Também há casos confirmados em Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Austrália e Canadá.

Coreia do Sul confirma quarto caso de infeção

Foram impostas restrições drásticas de viagens para lá do epicentro. A província de Shandong e as cidades de Pequim, Xangai, Xiam e Tianjin anunciaram a proibição de entradas e saídas de autocarros em viagens de longa distância.

As províncias de Jiangxi e Cantão, esta situada no sul do país, tornaram obrigatório o uso de máscaras em locais públicos.

Pensa-se que o vírus tenha tido origem no final do ano passado num mercado de marisco de Wuhan que também comercializa animais selvagens.

A Coreia do Sul acaba de confirmar o seu quarto caso de coronavírus. Casos dispersos foram também confirmados na Tailândia, Taiwan, Japão, EUA, Vietname, Singapura, Malásia, Nepal, França, Canadá e Austrália.

Autoridades chinesas começaram a desenvolver vacina

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde informou este domingo que o caso suspeito de infeção em Lisboa foi negativo, na sequência da realização de análises laboratoriais. Trata-se de um homem que tinha regressado de Wuhan na véspera e que foi internado no Hospital Curry Cabral em situação estável.

Ainda no domingo, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês noticiou que o país começou a desenvolver uma vacina contra o coronavírus.

De acordo com o Diário do Povo, o cientista Xu Wenbo, do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças, disse que este centro já está a desenvolver uma vacina contra a epidemia depois de isolar com sucesso a primeira estirpe do vírus.

Sinólogo defende que doença expõe problemas sistémicos de crescente rigidez do poder na China

Um sinólogo da Universidade Renmin em Pequim defendeu que a crise do coronavírus, que está a paralisar a China, expõe "falhas estruturais profundas" no modelo de governação, face à crescente rigidez do poder.

"O sistema político do país é frágil e precisa de mais transparência, elasticidade e agilidade para identificar desafios", disse à Lusa o sinólogo italiano Francesco Sisci, professor na Universidade Renmin, em Pequim.

Em pouco mais de um ano, Pequim passou a enfrentar uma custosa guerra comercial com os Estados Unidos, a pior crise política em Hong Kong em várias décadas, um surto de peste suína que fez disparar a inflação, ou a vitória nas eleições presidenciais em Taiwan do partido pró-independência da ilha.

"Todos estes desafios têm raízes no sistema chinês", comentou Sisci. A "falta de transparência" torna "muito difícil" para a liderança em Pequim "avaliar a realidade de qualquer ameaça e reagir rapidamente", resumiu.

A guerra comercial com Washington e os protestos que há meses abalam Hong Kong foram negligenciados pelo Governo central, em resultado da "rigidez e incapacidade de entender o cenário global", enquanto a peste suína e o novo coronavírus refletem "falhas estruturais" na produção alimentar, acrescentou o académico, que em 1988 começou a fazer investigação na Academia Chinesa de Ciências Sociais.

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