Incêndios florestais na Austrália produziram quase metade das emissões anuais de CO2 do país
Mesmo que os incêndios não sejam obra humana, as alterações climáticas que muitas vezes os produzem são-no
Mesmo que os incêndios não sejam obra humana, as alterações climáticas que muitas vezes os produzem são-no
Jornalista
Os incêndios florestais desde o início de agosto na Austrália já produziram perto de 50 por cento das emissões anuais de dióxido de carbono no país. 195 milhões de toneladas na Nova Gales do Sul, somadas aos 55 milhões de toneladas em Queensland, dão 250 milhões de toneladas de dióxido de carbono, quase metade dos 532 milhões produzidos por gases com efeito de estufa em 2018.
Os números foram apurados pela Global Fire Emissions Database (Base de dados global de emissões pelo fogo), mediante uma combinação de observações feitas a partir de satélites e estimativas de emissões produzidas por incêndios no passado. Embora haja um certo grau de incerteza nos números, eles são tidos como suficientemente credíveis para serem geralmente utilizados.
Uma das principais preocupações está em que a vegetação devastada não recupere completamente, o que limitaria a capacidade das florestas para absorver (ou capturar) tanto dióxido de carbono como antes. Nalguns casos, pode mesmo levar milhares de anos até essa capacidade atingir os níveis que já teve.
Os desastres dos últimos anos têm sido descritos como sem precedente. Segundo um ecologista especialista em incêndios explicou ao "Guardian Australia", o "stresse da seca" e as alterações climáticas afetam o crescimento das árvores, "o que significa menos biomassa e mesmo perda de cobertura florestal". Ou seja, aquilo que devia ser um sorvedouro de carbono torna-se, em vez disso, num produtor.
Também aí a utilização maciça de combustíveis fósseis tem um efeito. Talvez só o facto de a vegetação nas zonas agora afetadas ser geralmente menos rica em carbono do que noutras áreas previamente atingidas por incêndios em larga escala evite que o desastre ambiental seja pior.
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