Internacional

Deformações faciais em monarcas espanhóis resultaram da consanguinidade

María Cristina de Habsburgo-Lorena e Alfonso XII
María Cristina de Habsburgo-Lorena e Alfonso XII
PHAS/GETTY IMAGES

O famoso “maxilar dos Habsburgos” tem a ver com o empobrecimento do material genético dentro dessa família, segundo um estudo agora publicado

Luís M. Faria

Jornalista

Os reis da dinastia Habsburgo, entre os quais Felipe IV (III em Portugal), que governou Espanha e Portugal entre 1621 e 1640, são conhecidos por um tipo de rosto muito particular, com o nariz a apontar para baixo e o "maxilar de Habsburgo" - uma condição que corresponde ao que a ciência designa por prognatismo mandibular, com o maxilar inferior avançado em relação ao de cima. Há muito se pensava que esse aspeto distintivo teria a ver com efeitos da consanguinidade que era comum entre os Habsburgos, para manter o património na família. Um estudo agora publicado na revista Annals of Human Biology parece confirmar a hipótese.

No estudo, os rostos de 15 monarcas, tal como apareceram em 66 retratos antigos conservados nalguns dos maiores museus do mundo, foram analisados por 10 cirurgiões maxilo-faciais. Ao mesmo tempo, calculou-se o fator de consanguinidade em cada um dos monarcas. O último monarca da dinastia, Carlos II, que era doente e raquítico, tinha um fator de 0,25, o que significa que ele herdou dos seus pais formas idênticas de 25 por cento dos seus genes, prejudicando a sua 'boa forma' genética.

"A dinastia Habsburgo foi uma das mais influentes na Europa, mas tornou-se famosa pela consanguinidade, o que acabou por levar à sua queda. Mostramos pela primeira vez que existe uma clara relação positiva entre a consanguinidade e o aparecimento do maxilar de Habsburgo", diz o autor principal do estudo, Ramon Vilas, citado pela scitechdaily.com

Notando que, mesmo não estando em causa famílias com importância histórica, a consanguinidade permanece frequente nalgumas zonas do mundo ou entre certos grupos étnicos, Vilas diz que isso mostra a relevância mais ampla do estudo: "A dinastia Habsburgo serve como uma espécie de laboratório humano para os investigadores o fazerem, dado o elevado grau de consanguinidade".

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