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Israel. Netanyahu aceita disputar liderança do seu partido no próximo mês e meio

Israel. Netanyahu aceita disputar liderança do seu partido no próximo mês e meio
ATEF SAFADI/POOL/AFP/Getty Images

Após o anúncio da justiça de acusar o primeiro-ministro israelita em três casos de corrupção, Netanyahu está sob pressão no Likud. O chefe de Governo em funções não terá descartado a hipótese, avançada pelo seu maior opositor interno, de realizar as primárias nos 17 dias que restam para evitar novas eleições gerais. Contudo, este cenário parece improvável

Israel. Netanyahu aceita disputar liderança do seu partido no próximo mês e meio

Hélder Gomes

Jornalista

Acossado pelas acusações em três casos de corrupção, o primeiro-ministro israelita em funções, Benjamin Netanyahu, concordou este domingo com as exigências de eleições primárias no seu partido, o Likud. Na sequência de conversações com Haim Katz, que preside ao comité central do Likud, Netanyahu aceitou disputar a liderança interna do Likud nas próximas seis semanas.

Segundo o canal de televisão Keshet 12, o primeiro-ministro “não descartou” a hipótese, avançada pelo seu maior opositor interno, Gideon Sa’ar, de realizar as primárias nos 17 dias que restam para evitar novas eleições gerais, ainda que este cenário pareça improvável. Sa’ar apelou a um ato interno rápido para dar ao vencedor da disputa a possibilidade de formar uma coligação e evitar conduzir o país às terceiras eleições consecutivas.

O anúncio, feito na quinta-feira pelo procurador-geral do país, Avichai Mandelblit, das acusações de corrupção contra o primeiro-ministro provocou ondas de choque no Likud. Trata-se do primeiro desafio sério à liderança de Netanyahu desde que o então líder, Ariel Sharon, abandonou o partido em 2005 para formar o Kadima, deixando Netanyahu aos comandos, escreve o jornal “The Times of Israel”.

Esta é a primeira vez na história do país que um primeiro-ministro em funções enfrenta acusações criminais.

Imunidade parlamentar? “Bom, agora está a fazer perguntas muito mais complicadas”

Netanyahu, o chefe de Governo há mais tempo no poder em Israel, tentou parecer otimista e apto para governar apesar do tumulto legal e político que o anúncio do procurador-geral provocou. “Estou a fazer tudo o que é necessário para assegurar que o trabalho do Governo é realizado de forma a garantir a segurança dos cidadãos de Israel”, disse. O primeiro-ministro insistiu ainda estar a cumprir os seus deveres “da melhor maneira possível e por suprema devoção à segurança de Israel”.

Questionado por um jornalista sobre se recorreria à imunidade parlamentar para evitar ações judiciais, algo que há muito se diz que tem tentado fazer, Netanyahu recusou-se a responder. “Bom, agora está a fazer perguntas muito mais complicadas”, atalhou, dando uma palmada no braço do jornalista e indo embora.

“Tudo isto tem por objetivo derrubar-me”

Em reação ao anúncio de quinta-feira, o primeiro-ministro prometeu que continuaria em funções para lutar contra o que apelidou de acusações “viciadas” e preconceituosas, acusando investigadores e procuradores de uma “tentativa de golpe”. “Tudo isto tem por objetivo derrubar-me”, referiu, questionando a independência da justiça israelita.

A decisão de acusar Netanyahu de fraude, suborno e abuso de confiança em três casos de corrupção foi anunciada no mesmo dia em que o Presidente do país, Reuven Rivlin, encarregou o Parlamento de encontrar um chefe de Governo, após Netanyahu e o seu rival Benny Gantz terem falhado nas respetivas tentativas de formar um Executivo na sequência das eleições de 17 de setembro.

O primeiro-ministro negou sempre o seu envolvimento nos três casos, alegando que as investigações fazem parte de uma vingança política e de uma “caça às bruxas”, que inclui a esquerda, os meios de comunicação social e a polícia. A lei israelita não o obriga a demitir-se se for acusado mas Netanyahu, há 13 anos no poder, poderá vir a ser pressionado nesse sentido, além de não poder ocupar qualquer outro cargo de Governo ou de Estado.

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