Christine Lagarde só na sexta-feira toma posse como presidente do Banco Central Europeu, mas as discordâncias com o Bundesbank já começaram. A questão é que a ex-líder do FMI pretende pretende usar o chamado 'quantitative easing' (a prática de os bancos centrais comprarem títulos do tesouro ou outras obrigações financeiras como forma de injetar liquidez na economia) para promover causas verdes. Jens Weidmann, presidente do Bundesbank, discorda.
"Vejo exigências de uma política monetária verde, por exemplo sob a forma de 'QE' verde (...) muito criticamente. Essas decisão não devem ser tomadas por banqueiros centrais, pois eles não estão democraticamente legitimados", disse Weidmann.
O diário "Financial Times", que dá esta quarta-feira a notícia, lembra que o banqueiro alemão foi um opositor determinado do programa de 'quantitative easing' que ficou associado ao mandato de Mario Draghi - um programa que muita gente acredita ter salvo o euro numa altura crítica.
Lagarde, pela sua parte, considera essencial combater as alterações climáticas, e tem defendido o investimento em obrigações verdes, sujeito a certas condições. Esse investimento, em princípio, seria acompanhado por uma redução da compra de títulos emitidos por empresas responsáveis por níveis elevados de emissões de CO2.
Concordando com o objetivo último, Weidmann acha que a regulação bancária não deve ser usada para o promover, até pelo risco de as pressões externas acabarem por levar a uma perda de independência dos bancos centrais.
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