Internacional

Antigo ministro de May junta-se aos liberais democratas e acusa Johnson de “populismo”

Sam Gyimah e Jo Swinson
Sam Gyimah e Jo Swinson
Finnbarr Webster/Getty Images

Sam Gyimah foi expulso da bancada dos conservadores por ter votado contra o Governo para impedir um 'Brexit' sem acordo. Agora aponta a Boris Johnson uma deriva “populista e nacionalista” — e ajuda a dar força ao partido que quer trazer uma mensagem “pró-Europa”

Há uns meses, era uma estrela em ascensão no Governo de Theresa May. Mas o 'Brexit', e os avanços e recuos que continuam sem trazer uma solução para a saída do Reino Unido, acabaram por levar a uma decisão radical: Sam Gyimah, um dos deputados recentemente expulsos do Partido Conservador britânico, acaba de se juntar aos liberais democratas.

A razão para mudança do antigo ministro de May e deputado dos ‘tories’ prende-se com o rumo que o Governo de Boris Johnson está a tomar — e a sua insistência numa saída da União Europeia mesmo que não haja acordo. Um “desvio a favor do populismo e do nacionalismo”, critica Gyimah, em declarações ao “The Observer” (jornal-irmão do “The Guardian”).

“O problema para mim não é apenas o 'Brexit'. Vai além disso - é a forma como se faz política e o desvio a favor do populismo e do nacionalismo”, explica o antigo deputado dos conservadores, que aponta ao primeiro-ministro um discurso “de terra queimada” sobre o 'Brexit'. E considera mesmo que a saída sem acordo - que ajudou a bloquear no Parlamento, o que lhe valeu, a si e outros 20 colegas, a expulsão da bancada - porá em risco “as instituições e a democracia”.

Nos dois principais partidos, argumenta Gyimah em declarações ao mesmo jornal, “os centristas estão a ser excluídos” e os tories estão a tornar-se “intolerantes e doutrinários, no seu desejo de neutralizar Nigel Farage e o Brexit Party”. E é por isso que decidiu seguir o exemplo de cinco outros deputados que este ano já tinham abandonado as fileiras tanto do Labour como dos conservadores para se juntarem aos partido Liberal Democrata, de Jo Swinson.

A saída do antigo ministro de May - que se já se demitira do Governo precisamente por discordar do acordo para o 'Brexit' proposto pela então primeira-ministra - vem dar um empurrão importante aos liberais democratas, que têm agarrado a bandeira da permanência na União Europeia de forma cada vez mais firme. Uma das suas promessas eleitorais passa, aliás, por revogar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece as condições para que um Estado-membro possa abandonar a UE.

Os Lib-Dem são agora, segundo a própria líder, “o mais forte partido ‘remain’ no Reino Unido”. “E vamos continuar a crescer”, assegura, citada pelo “The Guardian”. “Quando for altura de uma eleição nacional, estaremos prontos para ela e para trazer ao país a nossa mensagem clara e pró-europeia”.

No Reino Unido, o impasse político continua: com a data prevista para o 'Brexit' - 31 de outubro - a aproximar-se a passos largos, o Parlamento já entrou em suspensão de funções, tendo antes bloqueado todas as tentativas do Governo de Johnson para permitir uma saída sem acordo ou a realização de eleições antecipadas. O primeiro-ministro já veio garantir que preferia “morrer numa valeta” a pedir nova extensão prazo para a saída do país da União Europeia.

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