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Pilotos alertaram em novembro para a falta de condições de segurança do modelo 737 Max

Pilotos alertaram em novembro para a falta de condições de segurança do modelo 737 Max
NurPhoto/GETTY

Na altura, o vice-presidente da Boeing desvalorizou os alertas dos pilotos, afirmando que ninguém podia concluir que a causa do acidente que envolveu o modelo 737 Max da companhia Lion Air tivesse tido origem no sistema MCAS do avião

Pilotos alertaram em novembro para a falta de condições de segurança do modelo 737 Max

Liliana Coelho

Jornalista

Pilotos da American Airlines alertaram para a falta de condições de segurança do modelo 737 Max durante um encontro com executivos da Boeing que decorreu em novembro, menos de um mês depois da queda de um avião desse modelo da companhia indonésia Lion Air, avança o "The New York Times".

O jornal americano teve acesso a registos áudio dessa reunião e revela que vários pilotos se manifestaram preocupados com o sistema MCAS do aparelho cerca de quatro meses antes da queda do avião da Ethiopian Airlines. O encontro foi marcado por alguma tensão, segundo a CBS.

Na altura, o vice-presidente da Boeing, Mike Sinnett, desvalorizou os alertas dos pilotos, afirmando que ninguém podia concluir que a causa do acidente que envolveu o mesmo modelo da companhia Lion Air tivesse tido origem nesse sistema do avião. Mas admitiu que era preciso evitar outro acidente semelhante, razão pela qual a empresa se comprometia a efetuar algumas alterações no software do aparelho: "A pior coisa que poderia acontecer era uma nova tragédia como esta", observou Mike Sinnett.

"Queremos garantir que estamos a resolver as coisas da forma certa. Não queremos apressar nada. Isso é que é importante", acrescentou o vice-presidente da Boeing.

Confrontada pelo "The New York Times", a Boeing recusou-se a comentar a reunião, limitando-se a reafirmar que a empresa está comprometida em desenvolver melhorias no software de controlo de voo do modelo 737 Max, de forma a aumentar a segurança do avião.

"Estamos focados em trabalhar em conjunto com pilotos, companhias aéreas e reguladores de forma a certificar as atualizações do modelo 737 Max e fornecer mais treino aos pilotos e mais regras de segurança com vista ao fim da suspensão dos voos com estes aparelhos", disse a empresa em comunicado.

Entretanto, o administrador em exercício da Administração Federal da Aviação, Daniel Elwell, afirmou que a Boeing prevê concluir as melhorias no software por volta da próxima semana, garantindo que só depois será possível decretar o fim da suspensão dos voos com este modelo.

Foi em março que a Boeing anunciou a suspensão de todos os voos com a sua frota dos aviões 737 Max face à descoberta de novos dados que colocavam dúvidas sobre a segurança destes aparelhos.

A Administração Federal da Aviação dos EUA e a National Transportation Safety Board, organismo independente que investiga os acidentas aéreos, disseram, por exemplo, ter constatado que o aparelho da Ethiopian Airlines que se despenhou poucos minutos após descolar teve um “comportamento semelhante” ao do aparelho sinistrado da Ethiopian Airlines.

Inicialmente, a Boeing tinha garantido que mantinha a “total confiança” relativamente às condições de segurança do Boeing 737 Max, explicando que só recomendava a suspensão temporária dos voos com este modelo a nível mundial por “excesso de precaução”. No entanto, a divulgação desses novos dados levou a empresa a anunciar depois a suspensão total dos voos com o referido modelo, que causou 346 mortos em poucos meses.

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