Confrontos entre a polícia militar e manifestantes concentrados no centro de Brasília contra a destituição de Dilma Rousseff resultaram em pelo menos um ferido e mais três detidos, a juntar às detenções de mais manifestantes noutras grandes cidades do Brasil.
Os confrontos de quarta-feira à noite aconteceram à hora em que os 81 membros do Senado brasileiro se preparavam para suspender uma sessão extraordinária que será concluída esta quinta-feira e que definirá o futuro político da Presidente. Com pelo menos 53 senadores a declararem que vão votar a favor da destituição de Dilma, é quase certo que será suspensa do cargo por um período máximo de 180 dias, ou seis meses, até à conclusão do seu julgamento pelo presidente do Supremo Tribunal Federal.
De acordo com os media locais, os manifestantes pró-Dilma atiraram pedras e outros objetos contra os agentes da polícia, usando ainda fogo de artifício. A polícia militar respondeu com gás lacrimogéneo, gerando confrontos que terminaram em pelo menos um ferido.
Segundo o jornal "Correio Brasiliense", três homens foram detidos pelas alegadas agressões à Polícia Militar e um recebeu assistência médica dos bombeiros por ter inalado uma elevada quantidade de gás lacrimogéneo.
Citada pelo mesmo jornal, a Secretaria de Segurança avançou que cerca de cinco mil manifestantes estiveram concentrados ao longo da tarde de quarta-feira na Esplanada dos Ministérios, quatro mil deles contra o 'impeachment' de Dilma Rousseff e mil a favor.
O diário "Estado de São Paulo" diz que os confrontos aconteceram quando os manifestantes tentaram derrubar a divisória instalada no meio da principal avenida da capital brasileira para separar os grupos favoráveis e contrários ao afastamento da Presidente.
No Rio de Janeiro, esta quarta-feira ficou também marcada por conflitos entre manifestantes contra e pró-Dilma em dois momentos diferentes, com os dois lados da barricada a reclamarem o direito de protestar na Cinelândia, segundo o portal UOL. Um dos confrontos começou quando um manifestante vestido de Batman que defende o afastamento de Dilma decidiu provocar os que defendiam o contrário, passando no meio deles.
Em São Paulo, um outro homem foi detido na avenida Paulista sob acusações de violência e desrespeito pelas autoridades, após uma contenda com um grupo que apoia o 'impeachment', avança o mesmo portal.
Para esta quinta-feira, estão previstos novos protestos nas maiores cidades do Brasil, perante o provável afastamento da Presidente sob acusações de ter manipulado os números da performance económica brasileira antes das eleições presidenciais de 2014, em que garantiu a recondução no cargo.
Para que a moção pelo "impeachment" apresentada pela câmara dos deputados brasileira seja aprovada, é necessário que pelo menos 41 dos 81 senadores votem a favor. Na quarta à noite, pelo menos 53 deles sinalizaram que vão dar o seu aval.
Depois dessa sessão extraordinária na câmara alta do Congresso brasileiro, a Presidente esteve reunida com alguns ministros no Palácio do Planalto, tendo gravado um vídeo que será publicado nas redes sociais assim que a votação no Senado for concluída esta tarde. Segundo o gabinete da presidência, Dilma vai ainda falar à imprensa assim que a decisão for conhecida.
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