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Internacional

Um tabu no inferno dos três Gês

Um tabu no inferno dos três Gês

Chegou um dia em que o comandante tomou uma decisão que quase ninguém esperava: estava na altura de bater em retirada. Quem não estava lá ficou chocado. Quem estava sabe perfeitamente que aquele homem lhes salvou a vida. Para quem estava metido no meio do "Corredor da morte" era apenas uma questão de tempo. Mas Guileje era somente um dos três Gês que formavam o inferno da Guiné

Um tabu no inferno dos três Gês

Luís Pedro Nunes

Texto

Um tabu no inferno dos três Gês

Alfredo Cunha

Fotos

Chegar a Guileje, ainda hoje, sem emboscadas nem morteiros nem rajadas de metralhadora, não é fácil. É um ponto a cinco quilómetros da Guiné-Conacri que já quase só se encontra nos mapas antigos. É o trauma maior. É o tabu. O primeiro quartel português sob fogo do PAIGC a ser abandonado pela tropa portuguesa. Ainda hoje a decisão do comandante é questionada: para uns salvou os homens; para outros não havia razão para ter “fugido”. O certo é que a decisão de sair de Guileje em maio de 1973 valeu-lhe a prisão até depois do 25 de Abril e obrigou a um Conselho de Ministros extraordinários em Lisboa, no qual Marcello Caetano ficou a saber que a realidade da guerra na Guiné estava mesmo complicada

Em maio de 1973, o quartel estava cercado. Foi um mês de grande ofensiva para o PAIGC. Entre 18 e 22 de maio, o pequeno quartel foi bombardeado 36 vezes. O interior já tinha sido atingido por 200 projéteis. Estava, sem o saber, a ser alvo da grande ‘Operação Amílcar Cabral’ um cerco de longa duração dos guerrilheiros do PAIGC (ajudados por cubanos) com bombardeamento de saturação com os 120 mm soviéticas. Guileje tinha bons abrigos subterrâneos. Mas Guileje estava sem água — pois só se abastecia a quatro quilómetros de distância. Eram desesperados os pedidos de ajuda para o envio de tropa especiais. Contudo, as chefias militares em Bissau estavam mais preocupadas com o que se estava a passar em Guidaje, a norte. Havia que resistir. Temendo que os seus homens fossem todos mortos, pois o PAIGC já possuía carros de assalto, o comandante mandou retirar, numa caminhada noturna por um trilho de mato, para Gadamael Porto, abandonando o quartel, o que foi uma decisão inédita. E ainda hoje controversa. O próprio PAIGC ficou surpreendido. Spínola, esse então, estava irado. Os homens sabem que o comandante lhes salvou a vida.

Haverá variações sobre esta história, mas acredita-se que esta é a base de partida. Quem lá esteve terá uma versão um pouco mais intensa. Afinal Guileje estava no chamado “corredor da morte”, o ponto em que o PAIGC utilizava para fazer entrar armas e homens de Conacri. E a ‘Operação Amílcar Cabral’ foi muito mais elaborada do que as chefias militares portuguesas algumas vezes imaginaram. Só que a retirada para o quartel ao lado, a 18 quilómetros, e com muito menos condições em termos de defesas, foi um choque.

Antigo quartel português de Guileje
Alfredo Cunha

Mesmo em 2015, Guileje é lá no fim de tudo. Bastou um camião ter ficado atascado na picada para quase ter deitado tudo a perder. Há dois dias que estava afundado na lama. Não havia como passar. Após dois dias para chegar a Guileje num veículo todo o terreno, os últimos quilómetros teriam que ser feitos a pé. E, finalmente, um canhão português abandonado. Um pouco mais à frente ainda se conseguem ver ainda umas carcaças de camiões. Era ali.

Hoje percebe-se que havia uma simultaneidade nas ações do PAIGC. Uns dizem que deliberadas. Outros não. Os tais três Gês que formam o inferno da Guiné. Guidaje (ao norte, junto ao Senegal), Guileje e Gadamel (a sul e junto a Conacri). A questão é que a norte Guidaje acabou por ter apoio de tropa especial e aguentou in extremis. E as descrições de batalha, dentro do quartel, têm esse lado desesperado e heróico. A saída de Guileje é um heroísmo ao inverso: um comandante decide não sacrificar os seus homens. Mas a marca ficou.

Obuses esquecidos em Guileje
Alfredo Cunha

Não se pense que não foi apenas um “pormenor”. Nos escombros, cobertos da vegetação que cresce constantemente no espaço que o quartel ocupou durante uns anos (as populações foram viver a alguns quilómetros de distância), criou-se um pequeno museu que tenta preservar a memória da guerra numa luta inglória contra o mato. A entrada é feita à moda antiga dos quartéis portugueses. O pavimento são fundos de garrafas de cerveja. Obuses servem de motivos ornamentais. Pelo espaço aberto vamos revendo velhas placas de companhias que por ali passaram. O rapaz que abre a porta e é o responsável não sabe nada do que se passou ali há mais de 40 anos. Tem apenas a chave. E cobra uns francos.

Equipamento militar abandonado no antigo quartel português
Alfredo Cunha

Lá dentro não há luz. Com o telemóvel vamos conseguindo ver. É essencialmente um museu glorificador do PAIGC. Velhas fardas de guerrilheiro penduradas, fotos de Amílcar Cabral, mas também uma miniatura do quartel no tempo dos portugueses, material de transmissões, uma velha AK-47 e uma G3, um pedaço de avião Dornier português, um morteiro, obuses de vários tipos, fotografias do quotidiano do quartel, tiradas ao longe.

Sobre a porta do quartel sem muros está escrito em letras metálicas: Guileje. Mas não é por lá que se entra. Não vem de lá ninguém nem vai dar a lado nenhum.

Antiga entrada do quartel português de Guileje
Alfredo Cunha

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