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Internacional

Os que ficaram

Os que ficaram

Ele na casa dos 60 ou 70, ela uma menina ainda na flor da idade. Ele dono de um estabelecimento comercial que já vendeu de tudo na época dourada e agora fica-se pelo essencial, ela agarrada ao pescoço dele. É um dos quadros mais conhecidos dos portugueses que ficaram pelo Guiné, mas está longe de ser o único. O Expresso foi conhecê-los a Bafatá

Os que ficaram

Luís Pedro Nunes

Texto

Os que ficaram

Alfredo Cunha

Fotos

Nem todos os portugueses fugiram da Guiné em 1974 ou com os sucessivos abalos posteriores. Basta parar numa cidade e eles descobrem-se facilmente. A pouco mais de cem quilómetros da capital está a cidade de Bafatá, que antes da independência tinha uma importância vital para o país como entreposto comercial, dada a navegação do rio Geba, ali ao lado, como meio para transportar mercadorias. Bafatá era um pequeno idílio arquitetónico colonial que escorria para o rio e é conhecida como o local de nascimento de Amílcar Cabral, em 1924. Há mesmo a modesta casa do nascimento do líder mítico do PAIGC, agora transformada em museu de forma espartana e ideologicamente organizada. Uma pequena habitação perto do antigo mercado com uma casinha arrumadinha e um cantinho de devoção a Nossa Senhora de Fátima e fotografias na parede que glorificam o líder morto em 1973, em Conacri, por membros do seu movimento, em circunstâncias que nunca se clarificaram.

Como noutros locais, Bafatá abandonou o centro colonial e foi viver para junto da estrada movimentada que segue para a fronteira. E ficou a ver o tráfego passar. A tentar negociar e a fazer pela vida. Só agora, e muito devido à dinâmica administradora, estava a recentrar-se e modernizar-se. O velho mercado, que ainda há um ano estava abandonado, voltou a abrir. E a loja do português, que nunca dali sairia, voltou a ter algum movimento.

Centro de Bafatá
Alfredo Cunha

De todas as figuraças que a nossa descolonização deixou por África, esta é uma das mais típicas e fáceis de encontrar. Um senhor com cerca de 70 anos, que por cá teria uma cara fechada e tristonha e andaria a arrastar-se por um banco de jardim a maldizer os cortes nas reformas, mostra-se ali de menina africana ao pescoço, sorriso, camiseta de alças a gerir uma lojinha que já foi gloriosa e “até vendeu relógios Breitling e ouro” e agora se fica por uns óleos, panos e arroz. Que é “português”, mas ali nasceu e dali raramente saiu. E nem pensou sair. E que das vezes que veio a Portugal ficou doente. Um dos que recusaram ser “retornado”. Encolhe os ombros aos "porquês". A família sempre teve relações boas com “brancos e pretos”. Logo , “não tinha nada a temer”. A verdade é que os que ficaram são pequenos comerciantes com uma vida de trabalho árduo e com pouco rendimento. São africanos brancos com alguma portugalidade.

O português António Marques da Silva, gerente e dono da Casa Correia, na sua loja em Bafatá
Alfredo Cunha

António Marques da Silva, o verdadeiro gerente e dono da Casa Correia, no centro de Bafatá, vai reorientando a conversa: sobre a história da Casa Marco, Bafatá e tudo o que vendia em 1974, marcas e produtos. De como foi de facto “dura a transição”. De como melhorou. De como o povo tem pouco poder de compra.

Aquela praça central, de onde saiu uma qualquer estátua de um português para dar lugar a um busto de Amílcar Cabral, começa a encher-se de vida pelas nove da manhã. Como antes da independência, quando a tropa levou os últimos portugueses. Cantavam aos ‘tugas’ em crioulo, “se não vais a bem vais a tiro”. E os portugueses respondiam, “quando nos formos embora vais chorar”. Dizem testemunhas que houve muito choro para que os ‘tugas’ não se fossem embora. A Guiné é diferente. Foi a mais brutal das guerras. Dias depois, os dois lados repartiam cerveja como se nada fosse. Há muitos relatos entre risos.

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Ouçam como foi com o casal português mais conhecido de Bafatá. Agora dois velhotes que têm um restaurante/escola de condução ali na estrada de passagem. Era lá em baixo no centro, mas teve que se render e abrir cá em cima. Resumindo. Ele, agora com 73 anos, veio das Caldas da Rainha para fazer tropa na Guiné. Foi um dos primeiros e atribuíram-lhe a função de condutor. Desbravou terras e estradas do Quebo a Guileje. Abria um caminho e na noite seguinte o PAIGC cortava-o com uma árvore de três metros de diâmetro. Foi o primeiro português a entrar naquilo que seria o quartel de Guileje. Foi ele que deitou fogo ao capim para desbastar o terreno.

— Nos primeiros meses não sei se gostei disto ou não. Era o que era.

Mas depois começou-lhe a entrar na cabeça que era na Guiné que queria ficar. Já estava na capital como motorista e tinha tudo o que na sua vida nas Caldas como trabalhador rural não tinha. Um emprego digno, por exemplo. Ainda como militar candidatou-se a um posto no porto. Segundos antes de embarcar no “Niassa”, em 1965, saltou para o cais e vestiu a farda de funcionário do porto e já foi ele que fez gala em dar o sinal de partida ao navio. Em 1971, foi a Portugal buscar noiva. E encontrou a dona Célia. Nas Caldas, claro. E disse-lhe para vir com ele. Ela respondeu:

— Depende na condição em que me leve.

— Na condição de patroa, claro.

Hoje conversam entre si em crioulo.

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E dona Célia, gostou disto?

- E o que não havia de gostar? Tudo limpo, bonito, asseado, educado... Havia cá comparação com Portugal?

Têm o seu restaurante e escola de condução. São estimados por todos. Dinis ensinou a conduzir toda a região. Dona Célia cozinha pratos portugueses para quem quer comer bem. No ano passado estavam destruídos. A pensar deixar tudo. O seu filho, o rapaz-homem que se tinha criado entre a Guiné e Portugal, tivera um acidente de moto. Uma mera perna partida. Mal curada. Uma ida para Portugal. Morreu só, no avião com uma hemorragia. Estupidamente. A saúde e a falta de cuidados médicos na Guiné é o pior. Este ano pareciam melhores, mas a dor estava lá.

Dinis foi buscar a noiva a Portugal. "Em que condição vens? Na de patroa, é claro!"
Alfredo Cunha

Ele tem 73 anos, ela 61. Trabalham todos os dias naquele limiar que para nós é difícil de aceitar. Nos nossos padrões não serão sequer classe média. “Aquela gente em Portugal queixa-se muito”, diz dona Célia. “Gostava de os ver uma semana cá. Estão habituados a abrir a torneia e a ter água, a ter luz, a ter tudo... Aqui não é assim.” A Guiné mudou. As Caldas também. Mas não foi um queixume. Foi uma constatação.

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