Saúde = comunicação + investigação + inovação + liderança . Se juntarmos os profissionais a esta soma - peça imprescindível para o funcionamento e existência de um aparelho de Saúde - obtemos a equação multidisciplinar perfeita para alavancar o sector. Segundo as especialistas, urge pensar a Saúde nacional para que esta possa capilarizar-se por todo o território, de forma equitativa e digna para cidadãos e profissionais.
Como já foi falado no artigo sobre o projeto que saiu na edição de 6 de abril do Jornal Expresso (ler AQUI), os jovens médicos, enfermeiros, auxiliares, investigadores, entre outros, não têm o mesmo perfil, comparativamente aos seus pares mais velhos. O mundo mudou. As pessoas, por consequência, são diferentes. E, por sua vez, também as suas prioridades se alteraram. A tendência que se tem verificado - sabendo à partida que generalizar pode ser injusto - é que quem agora entra no mercado de trabalho (principalmente se estiver ligado à Saúde) até pode querer “vestir a camisola” da instituição, mas só o fará se o equilíbrio entre a vida profissional e laboral estiver assegurado.
“As condições do sistema não mudaram, as pessoas é que não estão dispostas a aceitá-las”, explica Fátima Cardoso, diretora da Unidade da Mama da Fundação Champalimaud.
Para pensar um novo sistema de Saúde - para cidadãos e profissionais - o Expresso, com o apoio da Sanofi, juntou num único evento algumas das especialistas que fazem parte da lista do projeto 50 mulheres, 50 ideias para a Saúde.
118 mil
é o número de mulheres que trabalha no SNS, o que significa que representam cerca de 78% dos recursos humanos
O debate encerrou com uma mensagem deixada pelo Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que lembrou que “sem as mulheres, sem a sua dedicação, sem o seu entusiasmo e solidariedade, não haveria SNS”.
Assista AQUI à sessão na íntegra.
Conheça os destaques de cada um dos três momentos principais do evento:
Inovação e Investigação


- Ana Teresa Freitas defende o recurso à farmacogenómica na prática clínica. “Temos que olhar para os medicamentos de forma personalizada”, acrescentando que é possível implementar esta abordagem sem grandes custos;
- Colocar a pessoa no centro do sistema é fundamental, pondo a "inovação ao serviço das mesmas", diz Cátia Sá Guerreiro, para que esta permita, por exemplo, aumentar o tempo dedicado aos doentes;
- A digitalização da Saúde deve estar ao alcance de todos e deve servir para diminuir as desigualdades e não para as agudizar. “É preciso suportar as pessoas que não usam essas ferramentas”, alerta Ana Luísa Neves;
- As pessoas vivem mais e a Saúde e a Ciência têm que acompanhar esta tendência e, nesse sentido, “a tecnologia é muito importante para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos”, afirma Helena Canhão;
- Paula Alves lembra: “É importante incluir as pessoas em ensaios clínicos precoces”;
- A existência de centros que cruzem várias áreas e as obriguem a trabalhar e a encontrar soluções em conjunto, da teoria à prática, é uma ideia defendida por Maria Manuel Mota e Sofia Rocha;
- A área da Saúde é a que está mais vulnerável no que toca a ciberataques, alerta Ana Ferreira, pelo que será importante que profissionais e instituições melhorem a sua literacia e formação nesta área;
- Inês Falcão Pires põe a tónica na prevenção, nomeadamente através da nutrição. “Estamos muito focados na medicina de tratamento, mas há muitas doenças que podem ser prevenidas”.
Liderança e Profissionais


- As especialistas consideram importante tornar o SNS, e o sistema de Saúde em geral, mais atrativo. “É importante estarmos do lado das pessoas”, considera Ana Paula Martins. “Nem o salário as vai segurar, as pessoas estão a partir”, afirma Fátima Cardoso;
- Teresa Machado Luciano apostaria num sistema integrado, transparente e humanizado;
- Cristina Bacelar defende a plasticidade do SNS, para que os cuidados primários se aproximem das pessoas;
- “É muito importante termos a Saúde em todas as políticas”, diz Céu Mateus;
- Maria João Paiva Lopes sublinha a escassa autonomia que os médicos têm nos seus serviços, impedindo-os de tomar decisões atempadas;
- Criar uma carreira do médico-investigador é, para Ana Povo, uma forma de cativar os mais jovens para os centros hospitalares;
- Deolinda Sousa Pereira refere que “há que zelar pelo doente em todas as fases", sendo que a própria afirma que os profissionais ”têm feito mais, com menos";
- A medicina personalizada deve estar presente em todas as doenças, conclui Catarina Baptista.
Comunicação


- Criar a figura do gestor do doente crónico é a ideia que Ana Sampaio gostaria de ver implementada no sector, para que não tenham que ser estes a ter sempre que deslocar-se às várias especialidades;
- Para Arsisete Saraiva a prioridade centra-se em incluir do Programa Nacional para as Doenças Reumáticas - principal causa de reformas, em Portugal - no Plano Nacional de Saúde;
- Aproveitar a capacidade instalada e os 12 mil farmacêuticos espalhados por todo o país para aliviar o SNS é a ideia de Ema Paulino;
- A implementação da regra dos 4 Ps (predição, prevenção, personalização e participação) é defendida por Joana Camilo;
- Ana Correia Oliveira apostaria em literacia, um trabalho que deverá ser feito em conjunto;
- Na mesma linha de pensamento, Sofia Baptista põe a tónica na importância da comunicação eficaz, aplicada através de uma “estratégia concertada”;
- Sandra Cavaca destaca a relevância do registo eletrónico único que, segundo a própria, irá revolucionar a Saúde.
Saiba mais sobre o evento - e sobre algumas das ideias apresentadas pelas 50 mulheres - na próxima edição do Jornal Expresso, nas bancas amanhã, dia 5 de maio.
Na próxima segunda-feira conheça AQUI as 5 últimas ideias que faltam divulgar.
50 mulheres, 50 ideias para a Saúde
50 mulheres, de várias especialidades, dão 50 ideias sustentadas para o desenvolvimento da Saúde em Portugal. Em maio, as 50 soluções apresentadas serão debatidas num evento que promete abrir as portas para o futuro do sector. 50 Mulheres, 50 Ideias para a Saúde é um projeto do Expresso com o apoio da Sanofi.
Veja, abaixo, os artigos que já foram publicados no Expresso em papel:
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