50 Mulheres

50 mulheres, 50 ideias que vão mudar a Saúde

Pensar a saúde mental desde tenra idade, garantir a formação de qualidade de novos profissionais e acesso à Saúde são algumas das ideias unânimes
Pensar a saúde mental desde tenra idade, garantir a formação de qualidade de novos profissionais e acesso à Saúde são algumas das ideias unânimes
Getty Images

Futuro: o Expresso desafiou 50 mulheres ligadas à Saúde para indicarem uma ideia que gostariam de ver implementada nos próximos anos no sector. Chegar a todos os cidadãos, de forma equitativa, justa e veloz, é a vontade transversal. Mas há mais

As mulheres representam, a nível mundial, cerca de 70% dos recursos humanos em Saúde, mas no que toca à ocupação de lugares de topo a percentagem está longe de ser paritária. Os homens — apesar de serem menos — continuam a desempenhar funções cimeiras e, por consequência, têm mais poder na tomada de decisões. “Quanto mais equidade tivermos, mais novas ideias irão aparecer e, por isso, é muito importante trabalharmos para que mais mulheres consigam chegar a posições de topo”, sublinha Sara Cerdas, eurodeputada e uma das 50 personalidades que faz parte da lista. Mas há mais ideias.

Saúde igual para todos? Precisa-se

“A questão do acesso não se mede só através da qualidade dos cuidados, mede-se, também, através do momento em que estes são prestados. Se todos pagamos os mesmos impostos, parece lógico que independentemente do local onde se more, do rendimento, da idade e de outros fatores, a equidade esteja assegurada”, diz Céu Mateus, professora catedrática da Economia da Saúde da Lancaster University, acrescentado que uma solução possível para a resolução desta lacuna poderá estar em tirar partido da transição digital, criando um “sistema online que permita o acesso a profissionais e a prescrições ao nível dos cuidados de saúde primários”, assim como a implementação de um gabinete de estudos e planeamento do Ministério da Saúde que entretanto se extinguiu.

No que aos cuidados oncológicos diz respeito — e porque, por ano, surgem cerca de 60 mil novos casos de cancro no país — urge diminuir as desigualdades no acesso aos tratamentos. Para Fátima Cardoso, diretora da Unidade da Mama da Fundação Champalimaud, é necessário aumentar a interação entre o serviço público e privado, “uma mais estreita colaboração, pois só assim conseguiremos tratar bem todos os cidadãos”. Outra das formas de concretizar esta ideia seria a de diminuir o tempo de acesso a novos medicamentos contra o cancro que, neste momento, garante a especialista, é superior a dois anos. Fátima Cardoso sugere, entre outras medidas, uma relativamente simples: a implementação da escala de benefício clínico da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), por parte do Infarmed, porque “permitiria ver quais são os medicamentos que dão mais benefício e dar-lhes prioridade na aprovação”.

Promover a saúde mental jovem

Segundo os dados do estudo da OMS intitulado “A Saúde dos adolescentes portugueses em contexto de pandemia”, a saúde mental desta franja da população sofreu um agravamento comparativamente ao período pré-pandémico. “Os adolescentes são hoje mais infelizes, estão mais preocupados e ansiosos e gerem mal os desafios”, explica Tânia Gaspar, psicóloga e coordenadora do estudo em Portugal e nos países mediterrâneos. Para se poder promover a saúde mental é imperativo, por um lado,“incutir competências socioemocionais (autorregulação, aceitação e autoconhecimento)” junto dos jovens e, por outro, é preciso agir junto dos adultos de referência, uma vez que “pais e professores mais felizes e ajustados conseguem criar um ecossistema mais saudável para crianças e jovens”, lembra Tânia Gaspar. Promover as competências parentais desde muito cedo, como a comunicação baseada no afeto e no respeito, é também essencial. As ações de promoção de saúde mental devem ser feitas na escola, na família e, por exemplo, nos cuidados de saúde primários, numa ótica de prevenção que envolva toda a sociedade civil. “O nosso objetivo é o de termos melhor saúde mental nas crianças e jovens, numa sociedade mais participativa e inclusiva”, conclui.

Garantir a formação

Muito se tem debatido sobre a falta de recursos humanos no SNS, mas pouco se tem falado sobre a dificuldade que há em formar os novos profissionais de saúde devido a essa mesma falta de especialistas. A verdade é que a fuga de profissionais para o privado, assim como para fora do país, levanta problemas não só de resposta (do ponto de vista das instituições), como de acesso (do ponto de vista do utente) e, ainda, de formação. Se não há especialistas suficientes no SNS e se os que existem estão sobrecarregados, como se instruem os médicos do futuro? “Num sistema de saúde que está frágil e que tem muitas necessidades assistências, com muitos doentes e poucos profissionais dentro do sistema, tem sido difícil dar formação a alunos e a internos”, conta Helena Canhão. A diretora da Nova Medical School confessa que está preocupada com a “qualidade de formação dos médicos e dos enfermeiros que nos vão atender daqui a dez anos”. O que se tem visto é que os alunos das instituições públicas de saúde têm dificuldade em ser distribuídos pelas enfermarias do país, para que possam ser formados, devido à falta de profissionais mais velhos. A solução para este problema que tem vindo a acentuar-se passa, segundo Helena Canhão, por conseguir reter os profissionais no SNS, proporcionando-lhes uma carreira digna.

Uma seleção em cinco categorias distintas

O projeto

É uma iniciativa do Expresso, que tem o apoio da Sanofi, e que surge no âmbito das comemorações dos 50 anos do jornal. Dar voz a mulheres que se destacam nos diferentes campos da Saúde — dentro e fora de Portugal — e encarar as suas ideias e soluções como algo benéfico para o desenvolvimento deste sector no país é o propósito do projeto.

As categorias

A seleção é abrangente e conta com a participação de mulheres agrupadas em cinco categorias distintas: Liderança, Inovação, Investigação, Comunicação e Profissionais de Saúde.

As ideias

Todas as ideias serão publicadas no site do Expresso, em formato vídeo. Assista, a partir da próxima semana, à divulgação das primeiras cinco.

O debate

Ocorrerá no dia 3 de maio e tem como fim último discutir o presente e o futuro da Saúde em Portugal, tendo em conta as 50 ideias apresentadas.

Saiba mais

Acompanhe tudo AQUI, a partir de dia 6 de março.

Ideias e soluções

Agora é que são elas. 50 mulheres, de várias especialidades, dão 50 ideias sustentadas para o desenvolvimento da Saúde em Portugal. Em maio, as 50 soluções apresentadas serão debatidas num evento que promete abrir as portas para o futuro do sector. 50 Mulheres, 50 Ideias para a Saúde é um projeto do Expresso com o apoio da Sanofi.

Textos originalmente publicados no Expresso de 3 de março de 2023

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas