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Saúde precisa de inovação como de pão para a boca

Saúde precisa de inovação como de pão para a boca
Matilde Fieschi

Dez projetos de investigação científica vão estar, esta quarta-feira, perante um júri que vai entregar €100 mil à melhor ideia. Objetivo do Prémio Jorge Ruas - integrado na Tecnimede Open Innovation Competition, organizada pelo Grupo Tecnimede em parceria com a HiSeedTech, e a que o Expresso se associa como media partner -, é eliminar as fronteiras entre a academia e a indústria

A ligação entre academia e indústria é há muito apontada como decisiva para que a inovação em saúde não fique apenas no papel. Mas, como sublinha Helder Mota Filipe, bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, “nem sempre essa colaboração se torna efetiva”, um obstáculo que importa ultrapassar para fazer chegar investigações científicas aos doentes que delas podem beneficiar.

“Vivemos uma época em que temos medicamentos para novas indicações, muitas delas sem alternativa terapêutica, e que resultam de novos mecanismos de ação e tecnologias farmacêuticas”, aponta, lembrando o papel que, a par de médicos e enfermeiros, também os farmacêuticos podem, e devem, ter.

Uma das frentes de inovação em discussão nos últimos anos passa por permitir que os farmacêuticos possam intervir em situações clínicas ligeiras, através de protocolos validados, evitando a sobrecarga das urgências e dos cuidados de saúde primários. Como explica o bastonário, “o que se pretende não é diagnosticar nem prescrever”, mas antes “ter intervenções profissionais seguras, em situações clínicas ligeiras, com protocolos definidos que permitam ao farmacêutico intervir, resolvendo a situação de acordo com a melhor prática profissional”. Em causa podem estar situações como algumas infeções urinárias, por exemplo.

€100.000

é o valor atribuído ao vencedor do Prémio Jorge Ruas, que vai analisar dez projetos finalistas

O projeto, interrompido com a queda do anterior executivo, volta a estar em cima da mesa, com conversas já a decorrer com a Direção Executiva do SNS. “Foi clara a abertura [da Direção Executiva]. Há um conjunto de situações que têm a ver com a garantia dos sistemas que permitem os registos e o estabelecimento dos protocolos, mas não é preciso reinventar a roda. Os países mais evoluídos já o fizeram, só temos de adaptar à nossa realidade”, explica.

Do laboratório aos doentes

Mas, para lá das farmácias, a inovação desenha-se todos os dias em laboratórios por esse país fora, ainda que nem sempre seja reconhecida e tenha oportunidade de chegar ao mercado. A primeira edição do Prémio Jorge Ruas, que tem €100 mil para financiar um projeto disruptivo na saúde, é uma oportunidade relevante para apoiar o desenvolvimento científico nacional. “Não é um valor irrelevante para um prémio científico, que pode afirmar-se como referência sistemática do reconhecimento desta relação entre academia e indústria”, considera Helder Mota Filipe, que integra o painel de jurados.

“Este prémio tem essa grande vantagem de estimular a relação entre a academia e a parte da investigação e desenvolvimento da indústria, e de reconhecer o mérito científico", aponta Helder Mota Filipe

Integrado na Tecnimede Open Innovation Competition, organizada pelo Grupo Tecnimede em parceria com a HiSeedTech, e a que o Expresso se associa como media partner, o galardão vai escolher um vencedor entre dez projetos finalistas. Em áreas como as terapias celulares, dor neuropática, anti-infeciosos e tecnologias disruptivas em saúde, os candidatos levam inovações que prometem avanços significativos em novas terapias.

“Queremos identificar e impulsionar projetos que respondam a necessidades terapêuticas não satisfeitas e que, como defendia o nosso fundador, combinem ciência, visão e impacto nos cuidados de saúde da vida humana”, aponta Maria do Carmo Neves. Para a presidente do Grupo Tecnimede, mais do que “uma homenagem ao legado” de Jorge Ruas, o prémio é uma oportunidade para financiar soluções inovadoras e permitir que passem dos laboratórios para a realidade da prestação de cuidados.

Apesar de existir apenas um projeto distinguido, todos os finalistas terão acesso a apoio e infraestruturas para acelerar o desenvolvimento das suas ideias. Cada participante terá de apresentar o projeto perante o júri, presidido por Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra, e a decisão será tomada no evento que se realiza esta quarta-feira, em Lisboa.

Prémio Jorge Ruas – Inovação em Tecnologia Farmacêutica

O que é?

Reconhecer e financiar projetos inovadores com potencial para transformar a indústria farmacêutica é o grande objetivo da primeira edição do Prémio Jorge Ruas, apoiando o desenvolvimento de novas terapias e tecnologias de saúde. A iniciativa integra o Tecnimede Open Innovation Competition, organizado pela Tecnimede em parceria com a HiSeedTech, a que o Expresso se associa como media partner.

Quando, onde e a que horas?

O evento acontece na quarta-feira, 17 de setembro, na Ordem dos Farmacêuticos, em Lisboa, a partir das 14h30.

Quem são os oradores em destaque?

  • Francisco Rocha Gonçalves, secretário de Estado da Gestão da Saúde;
  • Hélder Mota Filipe, bastonário da Ordem dos Farmacêuticos;
  • Maria do Carmo Neves, presidente do Conselho de Administração do Grupo Tecnimede;
  • Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra;
  • António Murta, managing partner, co-founder e CEO da Pathena;
  • Carlos Robalo Cordeiro, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra;
  • Rui Ivo, presidente do Infarmed.

Porque é que este tema é central?

Na competição estão em jogo dez projetos finalistas nas áreas das terapias celulares, dor neuropática, anti-infeciosos e tecnologias disruptivas em saúde, que serão apresentados e apreciados por um júri especializado. No final, o vencedor será distinguido com o Prémio Jorge Ruas e um financiamento de €100 mil, destinados a impulsionar a investigação aplicada e fortalecer o ecossistema de inovação nacional.

Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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