"Os homens têm uma ideia de imortalidade até certa idade"
Júlia Pinheiro é a quinta convidada a comentar - em vídeo - o estudo sobre “A Saúde do Homem”, realizado pela GfK Metris para o Expresso. A apresentadora da SIC reflete sobre o facto de muito embora os portugueses demonstrarem preocupação pela saúde do parceiro(a), a atenção ao próprio bem-estar ainda revela uma clara divisão de género. Júlia Pinheiro associa esta diferença a construções culturais da masculinidade, mas reconhece que as gerações mais jovens já mostram atitudes mais conscientes e saudáveis
Apesar de a maioria (90%) dos portugueses afirmar que se preocupa com a saúde do parceiro, há uma diferença assinalável entre géneros quando o tema é o cuidado com a própria saúde. Para Júlia Pinheiro, apresentadora de televisão, esta disparidade tem raízes profundas: na construção cultural e nas ideias tradicionalmente associadas à masculinidade. A seu ver, é no seio dos casais que existe essa vigilância mútua essencial: “É necessário cuidarmos uns dos outros.”
“Os homens têm uma ideia sobre si próprios, de uma certa imortalidade, pelo menos até certa idade. São fortes, nada os abala. Isso da saúde é coisa que vem nos jornais, mas não lhes diz respeito diretamente”, afirma.
Mas os homens, sustenta, foram educados para acreditar que “ser masculino é ser forte, é ser saudável, nada me acontece”. Essa perceção, no entanto, começa a mudar nas gerações mais jovens. “Basta vermos o perfil dos mais novos até aos 50 anos e compararmos com os de 75 para cima. Deixamos de ver homens tão cuidados, tão tonificados. E isso não tem só a ver com vaidade, tem a ver com saúde.”
A apresentadora considera que é urgente repensar hábitos como o tabagismo, um comportamento ainda muito presente entre os homens. O estudo em análise aponta que as mulheres demonstram maior preocupação com esse hábito no que diz respeito ao parceiro. “Tem que haver um trabalho conjugal. Quem vive em casal conta que o outro cuide de si, mais à frente”, diz. Júlia fala com a autoridade de quem viveu a questão de perto. “Sou filha de um homem que morreu de cancro do pulmão, fumador até ao último dia. O meu marido também fumava, mas deixou quando confrontou a fragilidade da vida do pai.”
Com quatro filhos, apenas dois fumam, ainda que de forma episódica. Mas Júlia sublinha: “É da máxima importância que percebam que o pouco consumo que têm os vai afetar mais à frente.”
Apesar de dados indicarem que ter um familiar doente leva muitos a mudar hábitos, nem sempre o alerta é suficiente. “Mesmo perante a perda de alguém próximo, nem sempre olhamos de frente para a ameaça. É difícil mudarmos hábitos enraizados, ligados ao prazer, ao quotidiano, à gratificação.”
Do ponto de vista pessoal, Júlia nota uma clara evolução nas atitudes em relação à saúde dentro da própria família. “Os homens da minha vida têm comportamentos muito diferentes. O meu marido, que tem 69 anos, exerce um grande rigor sobre a saúde. Alterou comportamentos ao longo dos anos por causa disso.” Já as gerações mais novas, como o filho e os genros, revelam atitudes muito mais conscientes. “Evitam o que sabem ser prejudicial, praticam desporto, têm estilos de vida mais saudáveis, controlam a alimentação e o álcool.”
Para Júlia Pinheiro, esta mudança deve-se em grande parte ao esforço coletivo de sensibilização e prevenção. “Tem sido feito um grande trabalho na área da saúde. Por todos nós, enquanto sociedade"
A Saúde do Homem
Este é um projeto a que o Expresso chamou “A Saúde do homem” e que conta com o apoio da Johnson & Johnson Innovative Medicine e ainda com o Alto Patrocínio da Presidência da República e a Ordem dos Médicos, na qualidade de parceiro institucional. O estudo foi conduzido pela empresa de estudos de mercado, GfK Metris.
No total, serão publicadas dez entrevistas em vídeo e dez entrevistas em texto. Acompanhe tudo em expresso.pt .
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa