"Ser um bom pai ou ser um pai atento é também transmitir bons hábitos que conduzam a uma melhor saúde"
Pedro Boucherie Mendes é o terceiro convidado a comentar - em vídeo - o estudo sobre “A Saúde do Homem”, realizado pela GfK Metris para o Expresso. O diretor de Planeamento Estratégico e Conteúdos Digitais de Entretenimento da SIC analisa os hábitos de saúde masculinos, o impacto da cultura no consumo de álcool e a importância do papel do pai na educação para a prevenção
Num país onde os homens vivem, em média, menos cinco anos do que as mulheres, as causas desta disparidade vão além da biologia. Em entrevista ao Expresso, Pedro Boucherie Mendes, diretor de Planeamento Estratégico e Conteúdos Digitais de Entretenimento da SIC, partilhou a sua visão sobre os hábitos de saúde masculinos, abordando temas como o consumo de álcool, a negligência na prevenção e o papel da paternidade na educação para a saúde.
Segundo dados de 2023, a esperança média de vida dos homens portugueses é de 78,4 anos, enquanto a das mulheres é de 83,7. “O homem tende a ter mais atividade física e profissões ligadas com maior dose de risco. Isto é histórico, tem a ver também com o facto de o homem ter mais força física e, portanto, isso não me surpreende, mas também tende a correr mais riscos. É mais aventureiro, às vezes, onde não devia ser, por exemplo, a conduzir ou no trânsito, esse tipo de coisas”, afirma. Para si, esta diferença não é surpreendente e está intimamente ligada a comportamentos e escolhas de vida com maior exposição ao risco.
O estudo que serve de base à entrevista revela que 78% dos homens admitem consumir bebidas alcoólicas de forma esporádica. Para Boucherie Mendes, esta tendência está profundamente enraizada na cultura portuguesa. “O hábito de consumir bebidas alcoólicas tem muito a ver com hábitos culturais. O vinho à mesa, os brindes, as questões sociais, estamos em família, o almoço, o jantar, etc. Sim, tradicionalmente, os homens tendem também a ser mais participantes nesse tipo de atividade, a fazer mais brindes, digamos assim. Mas eu acho que o consumo de álcool também tem vindo a subir nas mulheres”, observa. Quando questionado sobre possíveis soluções, aponta para o aumento do preço do álcool e a importância de campanhas de prevenção: “Depois são questões que os governos terão que ver qual é a melhor forma de abordar, como se diz agora. Mais impostos, subir o preço do álcool, campanhas de prevenção, que havia muito quando eu era mais novo e agora parece não haver. Parece que há muita gente que continua a beber e a conduzir, o que me parece um disparate e perigosíssimo para os próprios e para os outros, obviamente. Talvez aí umas campanhas de prevenção pudessem ajudar.”
Outro dado relevante do estudo refere que os portugueses destinam 14% do seu rendimento mensal aos cuidados de saúde, sendo que este valor sobe para 18% entre as mulheres e desce para 11% entre os homens. O entrevistado reconhece que muitos homens só pensam na saúde quando surgem problemas. Ainda assim, nota uma maior consciencialização nos últimos anos, influenciada por campanhas, redes sociais e acesso à informação.
Quanto ao papel da paternidade na promoção de hábitos de vida saudáveis, acredita que este começa em casa, nos gestos do dia a dia: comer bem, evitar excessos, praticar cuidados básicos de saúde. Reconhece, no entanto, que o impacto das redes sociais tem vindo a crescer, tornando-se uma fonte relevante de informação para os mais novos. Ainda assim, considera que o exemplo parental e a educação formal continuam a ser pilares fundamentais para a formação de gerações mais conscientes.
A Saúde do Homem
Este é um projeto a que o Expresso chamou “A Saúde do homem” e que conta com o apoio da Johnson & Johnson Innovative Medicine e ainda com o Alto Patrocínio da Presidência da República e a Ordem dos Médicos, na qualidade de parceiro institucional. O estudo foi conduzido pela empresa de estudos de mercado, GfK Metris.
No total, serão publicadas dez entrevistas em vídeo e dez entrevistas em texto. Acompanhe tudo em expresso.pt .
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa