Aos 44 anos, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua a ser submetido a desafios constantes e lida, hoje, com as consequências de dois anos de pandemia – tanto do ponto de vista dos doentes, como dos profissionais de saúde. É sobre os obstáculos do presente e as oportunidades do futuro que se vai falar na conferência “Leading the way to a healthy future: Inovação ao serviço da saúde pública”, organizada esta terça-feira, 3 de outubro, pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e a que o Expresso se associa como media partner.
A lista de transformações prioritárias na saúde é longa e passa pela falta de profissionais de saúde, pelos modelos de financiamento e pela tão aguardada digitalização dos cuidados. Em matéria de recursos humanos, na última semana mais de 1500 médicos anunciaram que não vão fazer horas extras acima das 150 previstas na lei, o que já provocou, até hoje, o encerramento temporário de seis urgências hospitalares. Fernando Araújo, diretor-executivo do SNS, disse este fim de semana estar “preocupado com a resposta à população”, mas mostrou-se confiante de que os profissionais vão conseguir “os equilíbrios necessários” para “dar uma resposta de qualidade” aos utentes.
Recorde-se que já este mês Fernando Araújo tinha lembrado que a reforma em curso do SNS “é muito exigente” e que “vai demorar seguramente tempo” a implementar, mas que irá “mudar o jogo”. “O que vamos financiar não é mais volume, quantidade, por vezes de atos não adequados ou necessários. Vamos financiar acima de tudo valor em saúde, começando por promoção da saúde e prevenção da doença”, disse. As alterações incluem a criação de 31 novas unidades locais de saúde até janeiro de 2024, que se vão juntar às oito que já existem.
“Mas a verdade é que Portugal, em quase todos os indicadores da saúde, é sempre um dos melhores países”, afirma João Breda
João Breda, diretor do Departamento da Qualidade dos Cuidados e da Segurança do Doente na Organização Mundial de Saúde (OMS), reconhece que o sistema de saúde em Portugal “não é perfeito” e que enfrenta desafios comuns a quase “todos os países”. Ainda assim e apesar das dificuldades sentidas pelos profissionais e pela população, o especialista diz que o país “sai sempre muito bem com quase todos os tipos de comparação” internacional. “Normalmente queixamo-nos muito, mas Portugal é um dos países do mundo que tem um dos melhores sistemas de cuidados primários”, reforça.
é o montante de investimento no reforço da capacidade do Serviço Nacional de Saúde, conforme inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência. Valor inclui a reforma dos cuidados de saúde primários, da saúde mental e do modelo de governação hospitalar
Por outro lado, diz, o combate à desinformação deve ser levado a cabo para evitar a redução do “impacto das campanhas de vacinação” e de outros exercícios de prevenção. Para a diretora da ENSP, Sónia Dias, a preparação da resiliência do sistema para responder a futuras pandemias, as doenças crónicas ou o envelhecimento são desafios que se juntam à “inovação dos cuidados de saúde ou redução das desigualdades”. “É necessário uma abordagem mais colaborativa e uma liderança participada”, considera ainda.
Esta conferência agendada para terça-feira, no auditório da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, vai marcar o início de um trabalho de reflexão profunda com peritos de várias áreas da saúde para a criação de um documento com “um conjunto grande de recomendações”. “A ideia é que este seja um guia orientador, mas que possa reforçar novos modelos para a experimentação, quer seja de políticas públicas, na rotina dos cuidados de saúde ou na adoção de novas tecnologias”, explica. O documento com medidas para transformar e modernizar o sector em Portugal deverá ser apresentado publicamente em fevereiro de 2024. Consulte, abaixo, os detalhes do evento organizado pela ENSP.
O que é
A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Universidade Nova de Lisboa, organiza uma conferência presencial para debater o futuro da saúde, os desafios ao nível dos recursos humanos, a importância da colaboração, da inovação e do digital. O evento, que conta com o Expresso como media partner, marca ainda o início da jornada para a elaboração de um white paper “cujo objetivo é consensualizar recomendações de referência no campo da inovação em saúde”. O lançamento deste documento está previsto para fevereiro de 2024, após sessões de colaboração e reflexão com especialistas de várias áreas ligadas ao sector da saúde.
Quando, onde e a que horas?
Terça-feira, 3 de outubro, na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, a partir das 9h. As inscrições estão abertas.
Quem são os oradores em destaque?
O programa completo pode ser consultado no site oficial.
- Manuel Pizarro, ministro da Saúde;
- Alexandre Quintanilha, presidente do Conselho de Escola da ENSP Nova;
- Adalberto Campos Fernandes, professor da ENSP Nova;
- João Breda, responsável pela Qualidade dos Cuidados e Segurança do Paciente na OMS;
- Fernando Araújo, diretor executivo da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde;
- Ricardo Baptista Leite, CEO da I-Dair;
- Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (por confirmar).
Porque é que este evento é importante?
A programação da conferência divide-se em quatro painéis-chave: políticas, comunidades, força de trabalho e liderança, e modelos de colaboração. Por exemplo, Josep Figueras, diretor do Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde, fará uma intervenção sobre os desafios e oportunidades do sector que será, depois, comentada pelo ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
Como posso assistir?
Pode inscrever-se para o evento presencial através do site oficial