Da teoria à prática, peritos juntam-se para debater o futuro da saúde em Portugal
DR
Melhorar o acesso dos doentes à inovação deve ser uma prioridade para o Serviço Nacional de Saúde, defende documento com 43 recomendações de especialistas no sector. Debater a dinamização da investigação clínica no país será o tema central do evento “Das Recomendações à concretização da mudança”, a que o Expresso se associa na próxima terça-feira, 28, e que terá transmissão em direto no Facebook do semanário
Francisco de Almeida Fernandes
Investir mais na inovação em saúde é uma das 43 recomendações dos especialistas ouvidos pela iniciativa Parceria para Sustentabilidade e Resiliência dos Sistemas de Saúde (PHSSR), que apresentou, em dezembro, um relatório com propostas de melhoria no sector. Na altura, Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde, dizia que “o problema não é o que é preciso fazer, é como o fazer”. Passar da teoria à prática é, por isso, o mote para o debate “Investigação clínica e o acesso à inovação: das recomendações à concretização da mudança”, que acontece na próxima terça-feira, 28, a partir das 15h.
Depois de auscultados quase quatro dezenas de peritos portugueses, o projeto internacional que junta a London School of Economics, o Fórum Económico Mundial e a AstraZeneca, e ao qual o Expresso se associa, vai analisar as sugestões que incidem sobre a inovação em saúde. Para isso, o evento conta com a presença das coordenadoras e professoras Mónica Oliveira, do Instituto Superior Técnico, e Aida Isabel Tavares, do Instituto Superior de Economia e Gestão, que darão conta das propostas que constam no relatório sobre este tema. O enquadramento será ainda assegurado por Joaquim Cunha, diretor-executivo do Health Cluster Portugal – a associação que divulgou, recentemente, que as exportações portuguesas em saúde cresceram 35% em 2022.
€2,4 mil milhões
é o valor total das exportações portuguesas em saúde registadas em 2022, de acordo com dados da Health Cluster Portugal. Montante representa crescimento de 35% face ao ano anterior
Segue-se uma mesa-redonda com um conjunto de responsáveis do sector que vão mostrar como transformar as recomendações dos especialistas em medidas concretas com aplicação real. Participam Susana Correia (Comissão Permanente de Saúde), Catarina Resende Oliveira (AICIB), Heitor Costa (Apifarma) e Rui Santos Ivo (Infarmed), a que se juntam dois peritos em oncologia, Luís Costa (CHLN) e Isabel Magalhães (Pulmonale).
Portugal deve apostar nos dados em saúde
Joaquim Cunha diz acreditar no “potencial” do país no que respeita à investigação clínica e ao desenvolvimento do sector, mas aponta desafios ao nível da “burocracia” e da “organização” como obstáculos a ultrapassar. O problema, reforça, está na capacidade de gestão que “não tem lidado bem com a saúde”. É também por isso que vê com bons olhos a criação de uma direção executiva do SNS, liderada por Fernando Araújo, já que permite profissionalizar o comando dos hospitais e outras estruturas, bem como implementar “abordagens integradas” aos recursos disponíveis.
Um caminho que o responsável da HCP considera benéfico para uma gestão mais eficiente dos orçamentos e dos recursos humanos passa pela aposta na digitalização. “Todos os dias geramos dados, temos um manancial de dados. É importante perceber como é que os podemos utilizar sem colocar a privacidade dos doentes em causa, para melhor gerir estes recursos, mas sobretudo para melhor investigar e ter novas terapias”, sublinha o diretor-executivo da associação.
Este será um dos temas em destaque no evento desta terça-feira, 28, que arranca às 15h com transmissão em direto na página de Facebook do Expresso. Consulte, abaixo, os detalhes da iniciativa.
"É importante perceber como é que os podemos utilizar [dados] sem colocar a privacidade dos doentes em causa", afirma Joaquim Cunha
“Investigação clínica e o acesso à inovação: das recomendações à concretização da mudança”
O que é
A Parceria para Sustentabilidade e Resiliência dos Sistemas de Saúde (PHSSR), estabelecida em 2020 pela London School of Economics and Political Science (LSE), o World Economic Forum (WEF) e a AstraZeneca, é uma colaboração entre organizações académicas, não-governamentais, das ciências da vida, saúde e empresas, que visa gerar conhecimento e orientar ações, através de relatórios que oferecem recomendações de políticas, baseadas em evidências, para melhorar a sustentabilidade e resiliência dos sistemas de saúde. Presente em mais de 20 países, em Portugal a iniciativa foi coordenada pelas professoras Mónica Oliveira, do Instituto Superior Técnico, e Aida Isabel Tavares, do Instituto Superior de Economia e Gestão.
Quando, onde e a que horas?
Terça-feira, 28 de fevereiro, no edifício da Impresa, a partir das 15h.
Quem são os oradores da mesa-redonda?
Joaquim Cunha, diretor-executivo da Health Cluster Portugal;
Mónica Oliveira, professora catedrática do Instituto Superior Técnico;
Aida Isabel Tavares, professora associada do Instituto Superior de Economia e Gestão;
Susana Correia, vice-presidente da Comissão Permanente de Saúde na Assembleia da República;
Catarina Resende de Oliveira, presidente da Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica;
Heitor Costa, diretor de Assuntos Institucionais de Inovação da Apifarma;
Rui Santos Ivo, presidente do Infarmed;
Isabel Magalhães, presidente da Pulmonale;
Luís Costa, diretor do Departamento de Oncologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte;
Dulce Salzedas, jornalista da SIC;
Rosário Trindade, Corporate Affairs & Market Access Director da AstraZeneca Portugal;
Sérgio Alves, presidente da AstraZeneca Portugal.
Porque é que este evento é importante?
A sustentabilidade do sistema de saúde é um tema cada vez mais relevante, em especial numa altura em que os custos com os cuidados de saúde aumentam exponencialmente – à boleia do preço dos medicamentos, da investigação científica e inovação tecnológica. Apesar do Serviço Nacional de Saúde contar, em 2023, com um orçamento cerca de 10% acima do previsto para este ano, a otimização dos recursos e a gestão eficiente continuam a ser desafios com impacto na vida dos utentes. Depois da iniciativa PHSSR ter apresentado, a 7 de dezembro, um relatório com 43 recomendações para tornar o sistema mais resiliente, é agora tempo de refletir sobre como passar das propostas à sua implementação.
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