Assegurar a autonomia de gestão das instituições de saúde ou adotar orçamentos plurianuais para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) são apenas duas das 43 recomendações que serão apresentadas, esta quarta-feira, pelo projeto Parceria para a Sustentabilidade e Resiliência dos Sistemas de Saúde (PHSSR). Processo contou com a participação de 37 especialistas no sector e foi coordenado pelas professoras Mónica Oliveira, do Instituto Superior Técnico, e Aida Isabel Tavares, do Instituto Superior de Economia e Gestão. “Fazemos em Portugal muitos diagnósticos, mas depois sai pouco no que remete a recomendações e ações de política”, aponta Mónica Oliveira.
A coordenadora explica que o objetivo desta análise ao sistema de saúde português foi encontrar um conjunto de políticas que reunissem consenso entre os peritos, de forma a facilitar a discussão sobre o futuro da prestação de cuidados e, sobretudo, a implementação dessas recomendações. “Tínhamos peritos dos vários espectros políticos e não era expectável, mas um elevado número de recomendações teve uma elevadíssima maioria de concordância”, atesta. As sugestões deixadas no relatório que será conhecido esta quarta-feira, 7 de dezembro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, reúnem “no mínimo dos mínimos” um grau de concordância de 75%.
Sob a lupa deste grupo de trabalho estiveram sete áreas consideradas fundamentais – governança, financiamento, recursos humanos, medicamentos e tecnologia, prestação de cuidados de saúde, saúde populacional e sustentabilidade ambiental. “Emergiram 43 recomendações de políticas nos sete domínios que inequivocamente têm o apoio muito alargado de atores-chave e de peritos do sistema de saúde português”, reforça a professora catedrática.
"Ficou muito claro que precisamos, como país, de melhorar os atuais sistemas de informação e de reporte de forma que se possa resolver alguns dos problemas [do sector]”, afirma Mónica Oliveira
Um dos desafios no processo de análise foi, segundo Mónica Oliveira, a fragilidade dos sistemas de informação em saúde e dos dados que contêm. “Identificámos, em várias áreas, que existia falta de dados”, esclarece: “Ficou muito claro que precisamos, como país, de melhorar os atuais sistemas de informação e de reporte de forma que se possa resolver alguns dos problemas [do sector]”.
Os resultados do relatório serão conhecidos num evento da PHSSR a que o Expresso se associa, e debatidos por uma mesa-redonda de personalidades da área (consulte a lista na ficha do evento abaixo). A iniciativa internacional acontece já em mais de 20 países através da colaboração entre a London School of Economics, o Fórum Económico Mundial e a AstraZeneca, que reúne, em cada nação, parceiros locais para elaboração dos diagnósticos e das estratégias a seguir.
milhões é o valor da despesa consolidada prevista pelo Serviço Nacional de Saúde para 2023. Representa um aumento de 9,4% face ao orçamentado para este ano e mais 7,8% em relação ao valor previsto de execução para 2022
O que é
A Parceria para Sustentabilidade e Resiliência dos Sistemas de Saúde (PHSSR), estabelecida em 2020 pela London School of Economics and Political Science (LSE), o World Economic Forum (WEF) e a AstraZeneca, é uma colaboração entre organizações académicas, não-governamentais, das ciências da vida, saúde e empresas, que visa gerar conhecimento e orientar ações, através de relatórios que oferecem recomendações de políticas, baseadas em evidências, para melhorar a sustentabilidade e resiliência dos sistemas de saúde. Presente em mais de 20 países, em Portugal a iniciativa foi coordenada pelas professoras Mónica Oliveira, do Instituto Superior Técnico, e Aida Isabel Tavares, do Instituto Superior de Economia e Gestão.
Quando, onde e a que horas?
Quarta-feira, 7 de dezembro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a partir das 10h.
Quem são os oradores?
- Dan Gocke, London School of Economics;
- Mónica Oliveira, professora catedrática do Instituto Superior Técnico;
- Aida Isabel Tavares, professora auxiliar do Instituto Superior de Economia e Gestão;
- Álvaro Beleza, presidente da SEDES e diretor do Serviço de Imuno-hemoterapia do Centro Hospitalar Lisboa Norte;
- António Araújo, diretor do Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Universitário do Porto;
- Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde;
- Maria do Céu Machado, presidente da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa;
- Maria Rosário Zincke, presidente da Plataforma Saúde em Diálogo;
- Manuel Pizarro, ministro da Saúde;
- Sérgio Alves, presidente da AstraZeneca Portugal.
Porque é que este evento é importante?
A sustentabilidade do sistema de saúde é um tema cada vez mais relevante, em especial numa altura em que os custos com os cuidados de saúde aumentam exponencialmente – à boleia do preço dos medicamentos, da investigação científica e da inovação tecnológica. Apesar do Serviço Nacional de Saúde contar, em 2023, com um orçamento cerca de 10% acima do previsto para este ano, a otimização dos recursos e a gestão eficiente continuam a ser desafios com impacto na vida dos utentes. A iniciativa PHSSR apresenta, esta quarta-feira, um relatório com 43 recomendações para tornar o sistema mais resiliente, que resulta dos contributos de 37 peritos ligados ao sector. Objetivo será dar início à discussão com o painel de oradores convidados para o evento, num percurso de debate que deverá continuar nos próximos meses.
Onde posso assistir?
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