Sobrinho Simões: “Fico muito feliz porque há mais pessoas a fazer investigação clínica em Portugal”
Manuel Sobrinho Simões, patologista e professor, participa no júri da iniciativa desde 2006
Fundação Bial
Professor emérito da Universidade do Porto e especialista em oncologia, o presidente do júri do Prémio Bial de Medicina Clínica 2022 destaca a “grande qualidade” das candidaturas analisadas nesta edição, que atribui €100 mil ao vencedor. Os resultados são conhecidos esta quarta-feira, 8 de fevereiro, a partir das 18h
Francisco de Almeida Fernandes
Fruto de “uma atividade excecional” de profissionais dedicados, as 17 candidaturas ao Prémio Bial de Medicina Clínica 2022 são, para Manuel Sobrinho Simões, o espelho de uma comunidade médica e científica de “grande qualidade” em Portugal. O galardão atribuído pela Fundação Bial, que acontece bianualmente desde 1984 e a que o Expresso se associa, vai distinguir esta quarta-feira, 8 de fevereiro, um projeto de investigação clínica com um prémio no valor de €100 mil. A cerimónia decorre na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), a partir das 18h, e contará com a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Este é, garante o diretor da FMUP, “um acontecimento importante na área científica” e faz “um reconhecimento público da importância social da investigação clínica”. Para Altamiro da Costa Pereira, a iniciativa é mesmo “uma chamada de atenção” para a necessidade de atribuir mais financiamento aos projetos desenvolvidos por profissionais de saúde. “Há muito pouco financiamento para investigação clínica no nosso país”, lamenta o também investigador.
“Confesso que se tivesse de votar via-me aflito porque há realmente trabalhos excecionais”, aponta Manuel Sobrinho Simões
Manuel Sobrinho Simões, professor emérito da Universidade do Porto e especialista em oncologia, não tem dúvidas de que os candidatos ao Prémio Bial são “apenas a ponta do icebergue” dos médicos investigadores que podiam desenvolver pesquisa aplicada à prática clínica. “Temos tido, cada vez mais, bons concorrentes, mas ainda estamos a falar de um número muito pequeno”, diz. Em causa estão a falta de financiamento e de tempo, entre atividades burocráticas e consultas, para que mais profissionais se possam dedicar à produção de conhecimento. Ainda assim, Sobrinho Simões diz-se “muito feliz porque há mais pessoas a fazer investigação clínica” e sublinha a dificuldade sentida pelo júri a que preside para escolher um vencedor entre “17 candidaturas de grande qualidade”.
Na próxima quarta-feira, a Aula Magna da FMUP recebe a cerimónia de entrega do prémio a um projeto de investigação clínica nacional, que será acompanhado da atribuição de duas menções honrosas no valor de €10 mil cada.
€100.000
é o valor atribuído ao vencedor do Prémio Bial de Medicina Clínica. Serão ainda distinguidos dois projetos com duas menções honrosas no montante de €10 mil cada
Prémio Bial de Medicina Clínica 2022
O que é
O Prémio Bial de Medicina Clínica é atribuído bianualmente pela Fundação Bial a um trabalho de investigação nacional de grande relevância e qualidade na área da pesquisa médica. A par do vencedor do galardão, agraciado com um valor monetário de €100 mil, são ainda anunciadas duas menções honrosas, no montante de €10 mil, para projetos de destaque e mérito selecionados pelo júri. Desde a sua instituição, em 1984, o Prémio Bial, que conta com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, distinguiu 105 trabalhos de 302 autores entre perto de sete centenas de obras candidatas.
Quando, onde e a que horas?
Quarta-feira, 8 de fevereiro, na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (sessão híbrida), a partir das 18h.
Quem são os oradores da mesa-redonda?
Altamiro da Costa Pereira, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto;
Luís Portela, presidente da Fundação Bial;
Manuel Sobrinho Simões, presidente do júri;
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República.
Porque é que este evento é importante?
Além de incentivar a investigação médica com aplicação prática, o Prémio Bial de Medicina Clínica tem acompanhado as tendências na medicina e premiado projetos relacionados com temas como as doenças civilizacionais, a genética ou a medicina molecular, entre muitos outros. Embora este galardão premeie um projeto já concretizado, assume importância no contexto da investigação nacional, já que a investigação clínica tem pouca expressão entre o financiamento das atividades de pesquisa científica.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e o presidente da Fundação Bial, Luís Portela, entregaram o prémio à grande vencedora do prémio Bial de Medicina Clínica, Teresa Coelho
Teresa Coelho é neurologista e a coordenadora da equipa, constituída por cinco elementos, que realizou o trabalho vencedor do Prémio Bial 2020 sobre “A paramiloidose em Portugal e no mundo”
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