Investigação sobre a ‘doença dos pezinhos’ vence Prémio Bial de Medicina Clínica 2020
Projetos Expresso. Galardão foi entregue esta manhã numa cerimónia na Ordem dos Médicos, em Lisboa, que foi transmitida em direto no Facebook do Expresso
Projetos Expresso. Galardão foi entregue esta manhã numa cerimónia na Ordem dos Médicos, em Lisboa, que foi transmitida em direto no Facebook do Expresso
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O trabalho de investigação sobre a Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF), ou paramiloidose familiar, ou ainda ‘doença dos pezinhos’, como é mais conhecida, foi o grande vencedor do Prémio Bial de Medicina Clínica 2020. Intitulado “A Paramiloidose em Portugal e no mundo: de doença fatal a doença crónica com qualidade de vida preservada”, tem como autores a neurologista Teresa Coelho (cordenadora), a economista da saúde Mónica Inês, e ainda os médicos Isabel Conceição, Mamede Alves de Carvalho e João Nuno da Costa. Uma equipa que receberá um total de €100 mil e a possibilidade de publicar este trabalho realizado nos últimos nove anos.
“Sinto muito este prémio, mas ele não é meu nem dos outros autores. É sobretudo um coroar do trabalho desenvolvido ao longo destes anos todos”, diz Teresa Coelho no vídeo de apresentação emitido na cerimónia de entrega do prémio esta manhã. Realçando, já no seu discurso após receber o diploma, que este estudo é uma “colaboração entre os dois centros de referência da paramiloidose em Portugal, um em Lisboa e outro no Porto”, Teresa Coelho aproveitou ainda para agradecer aos doentes e à sua disponibilidade apesar da incapacidade que esta doença provoca. Foram essenciais, garantiu, para que se pudesse fazer investigação científica.
O papel da ciência, do conhecimento e da investigação foi um dos temas mais referidos nos vários discursos da cerimónia desta manhã. Por exemplo, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, destaca a importância da investigação em medicina “como forma de melhorar a qualidade de vida” e alertou para o fraco investimento público nesta área. “Apenas 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) foi consagrado à investigação”, acrescenta.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que entregou o prémio a Teresa Coelho e encerrou a cerimónia, também destaca que “temos de investir mais em ciência”, tanto no sector privado como no público. “Temos excelência na academia e importa torná-la numa realidade para os portugueses. Não basta que exista, mas que haja a perceção que existe”, diz. O presidente da fundação Bial, Luís Portela, assegurou também que está empenhado em contribuir para isso. Para apoiar a investigação e para lhe dar projeção. “A saúde que se faz em Portugal faz-se bem, mas tem potencial de desenvolvimento e a fundação Bial quer dar discretamente o seu apoio mecenático”, nota, revelando que este prémio continuará em 2022 para celebrar a sua 20º edição.
Duas menções honrosas
O prémio Bial de Medicina Clínica é entregue de dois em dois anos desde 1984 e distinguiu ainda, como habitual, mais dois trabalhos de investigação com menções honrosas no valor de €10 mil cada uma. Um deles versa sobre a utilização de peixes zebra na seleção da melhor terapia para o tratamento do cancro e é da autoria de uma equipa multidisciplinar de 13 pessoas, coordenada pela bióloga do desenvolvimento Rita Fior. Já o outro trabalho, realizado por uma equipa de oito pessoas coordenada pelo médico João João Mendes, é sobre a abordagem dos serviços nacionais de saúde aos doentes críticos com Covid-19 durante a primeira vaga da pandemia. Trabalhos sobre os quais pode ler com mais detalhe na edição impressa do Expresso, que estará nas bancas amanhã.
Os trabalhos e as equipas premiadas
“A Paramiloidose em Portugal e no mundo: de doença fatal a doença crónica com qualidade de vida preservada”
Autores:
“Zebrafish Avatars, Towards Personalized Cancer Treatment, a multidisciplinary venture”
Autores:
Abordagem do doente crítico com COVID-19
Autores:
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