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Projetos da Fundação Champalimaud e Universidade do Minho vencem prémios de investigação

Henrique Veiga Fernandes foi um dos vencedores da 66ª edição dos galardões de investigação biomédica
Henrique Veiga Fernandes foi um dos vencedores da 66ª edição dos galardões de investigação biomédica
Ana Brígida

Equipas lideradas por Henrique Veiga Fernandes e Tiago Gil Oliveira foram distinguidas com trabalhos sobre obesidade e doença de Alzheimer na 66ª edição dos Prémios Pfizer. Cerimónia decorreu esta quarta-feira em Lisboa

Francisco de Almeida Fernandes

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Encontrar novas formas de tratar a obesidade e de detetar, antecipadamente, sinais de doenças neurodegenerativas como a Alzheimer foram os temas dos dois trabalhos que venceram a 66ª edição dos Prémios Pfizer. Os galardões foram entregues esta quarta-feira, no Teatro Thalia, em Lisboa, às equipas lideradas pelos investigadores Henrique Veiga Fernandes, da Fundação Champalimaud, e Tiago Gil Oliveira, da Escola de Medicina da Universidade do Minho. O prémio foi de €30 mil para cada projeto.

“É muito importante não só premiarmos, como estimularmos e motivarmos mais investigadores”, disse a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior durante a intervenção na cerimónia. Elvira Fortunato, também ela investigadora científica reconhecida e galardoada com o Prémio Pessoa 2020, garantiu que “potenciar a investigação na área da saúde em Portugal” é uma prioridade para o Governo que integra desde março.

Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior garantiu que o Governo irá reforçar o investimento em atividades de investigação e desenvolvimento
Ana Brígida

“Mais ciência e mais inovação depende, sabemos bem, de mais financiamento. Estamos, por isso, comprometidos com o reforço do investimento público em investigação e desenvolvimento no aumento efetivo de 3,5% na dotação orçamental da Fundação para a Ciência e Tecnologia”, acrescentou ainda.

Para o professor e diretor do Centro Clínico de Braga, Nuno Sousa, não há dúvidas sobre a importância de apostar mais na produção de conhecimento científico no país. Garantir tempo de investigação clínica aos médicos, investir nas infraestruturas científicas e potenciar a colaboração entre instituições em rede são, defendeu, medidas fundamentais para “fazer da ciência aquilo que ela merece”. O académico dirigiu-se à ministra para pedir ainda “uma política de previsibilidade” na atribuição de financiamento público a projetos de investigação. “Isto é muito importante”, apontou.

Diretor do Centro Clínico de Braga e professor da Universidade do Minho, Nuno Sousa, pediu "uma política de previsibilidade" no financiamento da ciência em Portugal
Ana Brígida

Paulo Teixeira, diretor-geral da Pfizer Portugal, diz acreditar “que Portugal tem condições para ser uma referência internacional na ciência” e destacou “uma superior qualidade nos trabalhos científicos” candidatos à 66ª edição dos Prémios Pfizer. A iniciativa, promovida há mais de seis décadas em parceria com a Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, contou este ano com 58 candidaturas – 37 na categoria de investigação básica e 21 em investigação clínica.

Conheça abaixo os projetos vencedores.

"Portugal tem condições para ser uma referência internacional na ciência", apontou Paulo Teixeira, diretor-geral da Pfizer Portugal
Ana Brígida
Conheça os premiados da 66ª edição dos Prémios Pfizer

Investigação Básica

Pela quarta vez, Henrique Veiga-Fernandes volta a vencer o galardão atribuído pelos Prémios Pfizer, que conquistou em 2014, 2016, 2020 e 2022. Desta feita, o investigador da Fundação Champalimaud encontrou um novo eixo de comunicação entre o sistema nervoso e as células imunitárias no tecido adiposo que permite controlar o aumento de peso e a obesidade. Através desta conversa biológica, a equipa liderada por Veiga Fernandes descobriu ser possível provocar um aumento do consumo de gordura no tecido adiposo e, por consequência, reduzir o peso do doente. As conclusões do trabalho premiado abrem caminho ao desenvolvimento de novas terapêuticas dirigidas ao combate à obesidade, uma doença que afeta cerca de dois terços da população portuguesa e que atua como fator de risco oncológico e em patologias cardiovasculares. Vale a pena assinalar que o cancro e as doenças do foro cardíaco constituem as principais causas de morte em Portugal, o que faz deste projeto um importante contributo para a saúde pública.

Tiago Gil Oliveira, da Escola de Medicina da Universidade do Minho, venceu o galardão na categoria de Investigação Clínica
Ana Brígida

Investigação Clínica

São centenas as doenças neurodegenerativas que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Entre as principais, a Alzheimer é uma das mais comuns. A Organização das Nações Unidas estima que cerca de 60% a 70% dos casos de demência sejam causados por esta condição. E porque o cérebro é, ainda, um mistério para os cientistas, a equipa da Escola de Medicina da Universidade do Minho, liderada por Tiago Gil Oliveira, desenvolveu um projeto que tem como objetivo encontrar sinais que permitam detetar antecipadamente o desenvolvimento deste tipo de patologias. “O grande objetivo deste trabalho é criar novas metodologias diagnósticas para as doenças neurodegenerativas”, explica o investigador, que quer ajudar a desenvolver novas terapêuticas. O trabalho agora reconhecido recolhe dados clínicos de doentes que tenham falecido com Alzheimer e analisa ressonâncias magnéticas feitas em vida em busca de assinaturas clínicas que permitam compreender como se desenvolve a patologia, de forma a poder usar a informação recolhida para aumentar o número de diagnósticos atempados.

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