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O “exigente” 2021 dos administradores financeiros nomeados para os IRGA

Miguel Stilwell d'Andrade, presidente executivo do grupo EDP
Miguel Stilwell d'Andrade, presidente executivo do grupo EDP
João Girão

Além da pandemia, no ano passado foi preciso reforçar a aposta na sustentabilidade e na tecnologia, dois aspectos que passaram a ser dos critérios mais relevantes para quem analisa os mercados e para quem investe nas empresas

Ana Baptista

A cerimónia dos Investor Relations & Governance Awards (IRGA), referentes ao desempenho de 2021, acontece já na próxima quinta-feira, 26 de maio, no Convento do Beato, em Lisboa. Serão distinguidos os administradores executivo (CEO) e financeiro (CFO) do ano, o responsável pelas relações com investidores (IRO) do ano, e serão ainda entregues os prémios Iniciativa Sustentável, Transformação e Carreira. Já aqui lhe mostrámos quem são os nomeados a CEO do ano e para os prémios Iniciativa Sustentável e Transformação. Estes são os nomeados para CFO do ano de 2021.

Ana Luísa Virgínia, Jerónimo Martins

Entrou na empresa há 29 anos, mas só assumindo o cargo em 2019, apanhando o pico da transição digital, o reforço das metas de sustentabilidade e a pandemia. O seu desempenho mereceu-lhe já duas nomeações consecutivas para este prémio, que pensa que “poderá dever-se ao desempenho em bolsa da Jerónimo Martins durante 2021, e ao acompanhamento permanente por vários analistas financeiros e de ESG (em inglês, Environmental, Social e Governance)”. A sustentabilidade mereceu, por isso, uma atenção redobrada, incluindo na área financeira. “Hoje, qualquer CFO lidera uma equipa que não se pode focar apenas nas demonstrações financeiras”, conclui.

Cristina Rios de Amorim, Corticeira Amorim

Tem 53 anos, dos quais 19 como CFO, e ganhou este prémio na 29ª edição. Está novamente nomeada pelo desempenho de 2021, ano que diz ter sido “particularmente exigente”. “Foi possível beneficiar dos resultados da contenção da Covid-19, mas outros desafios colocaram-se e continuam a ser uma realidade: a disrupção das cadeias de logística, a escalada dos custos, a pressão inflacionista, a volatilidade cambial e a tendência de aumento das taxas de juro”, explica ao Expresso. Por isso, fizeram mudanças, sendo uma delas no modelo de governo societário, aprovado em abril de 2021, o que levou a ter uma maior “interação com investidores e analistas”. Além disso, tal como todas as empresas, tiveram de reforçar a aposta na sustentabilidade. “Temos vindo a contratar financiamento ligado a objetivos de sustentabilidade, cujo custo é mais uma função do desempenho da Corticeira Amorim em termos de sustentabilidade do que propriamente das taxas de juros oficiais”, exemplifica.

Filipe Crisóstomo Silva, Galp Energia

Chegou à Galp em julho de 2012 vindo da banca de investimento. Assumiu desde logo o cargo de CFO e um lugar executivo no conselho de administração. Está nomeado, mais uma vez, em parte pelo trabalho de equilibrar a dívida com os pesados investimentos da empresa. Mas, em 2021, “o CFO passou a acumular a responsabilidade pela equipa da Relação com Investidores, uma área historicamente na alçada do CEO. O desafio aqui inclui reter e atrair investidores que procuram um equilíbrio entre dividendos e o crescimento acelerado da Galp, nomeadamente nas novas energias”, conta. Por isso mesmo, acrescenta, “todas as decisões de investimento passam pelo crivo interno da sustentabilidade e pela sua compatibilidade com a nossa ambição "Net Zero" até 2050”. Até porque tem sido essa ambição que tem “garantido o interesse das entidades financiadoras, como é exemplo o recente acordo de financiamento de €700 milhões entre o Banco Europeu de Investimento (BEI) e a Galp”.

Miguel Bragança, Millennium BCP

Nasceu a 25 de junho de 1966 e está no banco e no cargo desde fevereiro de 2012. Ganhou este prémio na 27ª edição, e entende que a nomeação deste ano pode estar relacionada com a adaptação aos desafios da pandemia, da transição digital e da aposta na sustentabilidade. Porque tudo isto “teve fortes implicações no processo e critérios de avaliação de diferentes opções estratégicas, na definição de métricas e na comunicação com os supervisores e investidores”, conta, acrescentando que também as áreas financeiras de uma empresa “têm de desenvolver competências de análise e mensuração específicos à sustentabilidade e à tecnologia, de forma a acrescentarem valor nas decisões estratégicas”.

Rui Teixeira, EDP

Nasceu a 11 de Outubro de 1972, está na EDP desde 2004, e de 2007 a 2021 foi CFO da EDP Renováveis, cargo no qual ganhou dois prémios IRGA. O ano passado foi o primeiro como CFO de todo o grupo, tendo encabeçado dois momentos de relevo: “o aumento de capital de €1,5 mil milhões da EDP Renováveis e os mais de €2 mil milhões de obrigações verdes emitidos desde janeiro de 2021”. É por esse mesmo período que está nomeado para os IRGA, num ano em que também foi preciso reforçar a transição energética, processo que “requer um enorme investimento” e tem de seguir “as melhores práticas de ESG”, porque “os financiadores são cada vez mais exigentes sobre a sustentabilidade dos modelos de negócio”. Uma das medidas tomadas vai, precisamente, nesse sentido: “todas as emissões de dívida previstas no plano estratégico da EDP cumprem com a taxonomia de green bond, assegurando que serão utilizadas apenas para financiar projetos de transição energética”, diz.

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