O cenário era de longas filas às 10h30 deste domingo na zona de desembarque do aeroporto de Lisboa. A greve dos funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) voltou a provocar longos atrasos no controlo de fronteiras. Quem esta manhã chegou à capital, proveniente de voos do espaço não-Schengen, chegou a esperar 3:43 horas para conseguir desembarcar, confirmou fonte oficial da ANA - Aeroportos de Portugal à agência Lusa. Nas partidas o tempo máximo de espera foi de 35 minutos.
Os funcionários da carreira de investigação e fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras estão desde 14 de agosto e até ao final do mês a cumprir uma greve parcial pela defesa dos seus direitos no âmbito do plano de reestruturação do SEF. Na última semana têm-se somado longas filas para quem chega ao país oriundo de países fora da União Europeia.
Os constrangimentos atingem sobretudo o desembarque de cidadãos não europeus à chegada ao aeroporto de Lisboa, replicando o que já aconteceu no passado domingo, segundo dia da greve do SEF, e que se tem replicado ao longo da última semana. No último domingo, confirmou fonte oficial da ANA, os atrasos no controlo de fronteira chegaram a ditar a suspensão temporária do desembarque de alguns voos. Na quarta-feira, um novo balanço da gestora aeroportuária dava conta de um período de espera para desembarque chegou de duas horas, registando-se também tempos de espera superiores a meia hora nas partidas.
Na manhã deste domingo o cenário é o que mostram as imagens a que o Expresso teve acesso. Passageiros na zona de desembarque relatam ao Expresso um aglomerado de centenas de pessoas, "sem qualquer distanciamento social e com máscaras colocadas abaixo do nariz".
A gestora aeroportuária já tinha alertado que que os constrangimentos nas zonas de desembarque e embarque poderiam acentuar-se no fim-de-semana, com o maior afluxo de passageiros, sobretudo em Lisboa, onde a greve dos funcionários do SEF tem causado maior impacto nos serviços.
A greve, que prevê uma paragem de duas horas diárias, foi convocada pelo Sindicato dos Inspetores de Investigação, Fiscalização e Fronteiras (SIIFF) que acusa o Governo de falta de uma resposta clara quanto ao futuro dos inspetores do SEF, na sequência da aprovação da proposta de lei que "prevê a dispersão de competências policiais do SEF pela PJ, PSP e GNR", sinaliza o SIIFF em comunicado.
Para o sindicato, esta lei “ditará, inapelavelmente, o fim do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras”. Em comunicado, SIIFF lembra que numa reunião em junho, o ministro da Administração Interna definiu o final daquele mês como data limite para apresentar um documento com “os termos em que se asseguravam os direitos” dos inspetores do SEF. Algo que, vinca o sindicato, ainda não aconteceu admitindo, por isso, formas de luta "mais duras".
A paralisação parcial vai prolongar-se até 31 de agosto, abrangendo todos os funcionários que prestam serviço nos principais postos de fronteira do país. No passado fim-de-semana, a ANA pediu aos passageiros para que “sempre que possível”, e quando tiverem como destino países fora do espaço Schengen, se dirijam “mais cedo ao embarque”.
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