Filipa Martins participou nos últimos Jogos Olímpicos de Paris 2024, os terceiros da sua carreira, e sagrou-se agora como a segunda melhor ginasta europeia do ano! O que a motiva a ser sempre e cada vez melhor? E que histórias tem para contar?
Diretora editorial Expressinho
Quando despertou para a ginástica artística?
Comecei a fazer ginástica com 4 anos, por iniciativa dos meus pais e a convite da mãe de uma colega de infantário, que trabalhava na Faculdade de Desporto, onde existia um clube de ginástica.
Como era a Filipa em criança?
Os meus pais dizem que eu era uma criança com muita energia e que estava sempre um pouco inquieta.
Pode descrever a experiência da participação nos Jogos Olímpicos?
Foram duas experiências bastante diferentes, mas muito positivas e que levo para o resto da minha vida! Os Jogos Olímpicos do Rio (2016) foram os meus primeiros Jogos Olímpicos e foi a concretização de um sonho talvez de criança: chegar a uma das competições mais grandiosas que qualquer atleta sonha chegar.
E em Tóquio?
Foi uma experiência completamente diferente por causa do Covid, porque não tivemos tanto contacto com os atletas, que é das coisas mais giras. Acabávamos sempre por ter medo de ser contagiados ou de contagiar alguém e depois não conseguiríamos competir.
Que motivação a levou de novo aos Jogos Olímpicos de Paris 2024?
Na altura, como os Jogos Olímpicos de Tóquio tinham sido adiados um ano, pensei: “Bem, agora são ‘só’ mais 3 anos, porque não tentar Paris?” Acho que essa foi, se calhar, a motivação ou a desculpa que arranjei para continuar a fazer o que mais gosto. Mas estes três últimos anos têm sido muito duros.
O que é mais duro num desporto de alto rendimento?
São as lesões, quando nos impedem de treinar. Acho que o mais duro é mesmo a persistência, a consistência, que faz parte do nosso crescimento enquanto atletas para conseguirmos alcançar os nossos objetivos. Devemos sempre fazer alguns sacrifícios e lutar por aquilo que queremos.
De que forma mantém a saúde física e psicológica?
Neste momento, já tenho várias cirurgias nos tornozelos, tenho sempre algumas mazelas e dores pelo corpo. Tento fazer fisioterapia e ter um acompanhamento mais diário nessa área. A nível psicológico, tento rodear-me das pessoas com que me sinto melhor e que me fazem bem e me fazem feliz.
O que mais a marcou na sua carreira?
O que marca a carreira de um ginasta são as pessoas que fazem parte dela, treinadores que tive o privilégio de ter, as vivências que acabamos por ter nos vários países onde competimos. Claro que os primeiros Jogos Olímpicos me marcaram muito, por serem os primeiros, e a realização do elemento “Martins”, que ficou no código de pontuação.
Qual é o seu objetivo a longo prazo?
Neste momento, estou a acabar o mestrado na Faculdade de Desporto, em Desporto de Alto Rendimento. No futuro quero continuar ligada à minha modalidade e gostaria de ser treinadora da mesma.
Nome: Ana Filipa Martins Ano de nascimento: 1996 Localidade: Porto Desporto: Ginástica artística feminina Clube: Acro Clube da Maia Treinadores: José Ferreirinha e Joana Carvalho Hobbies: Ir à praia, cinema, fotografia Participação em Jogos Olímpicos: 3 (Rio – 2016; Tóquio – 2021 e Paris – 2024) Ídolo: Rafael Nadal e Dominique Moceanu Pessoas mais influentes na carreira: Os pais Curiosidade: Criou um elemento gímnico nas paralelas assimétricas com o seu nome que figura no Código de Pontuação Internacional: O “Martins”. Executou este elemento pela primeira vez no Campeonato da Europa de 2021 Comida favorita: Bifinhos com cogumelos
Nota: Filipa Martins deu esta entrevista ao Expressinho a dias de participar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, em que foi a primeira portuguesa a disputar a final do concurso completo ('allaround') em Jogos Olímpicos. Em setembro de 2024, aos 28 anos, decidiu terminar a sua carreira como ginasta.
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