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“Natália Nunes é uma escritora feminista muito esquecida. Os seus livros não são panfletários”

A escritora Natália Nunes com 16 anos, em Oliveira de Frades. Provavelmente numas férias de verão, apesar de Natália Nunes ter frequentado a escola primária nesta vila do distrito de Viseu
A escritora Natália Nunes com 16 anos, em Oliveira de Frades. Provavelmente numas férias de verão, apesar de Natália Nunes ter frequentado a escola primária nesta vila do distrito de Viseu
Foto cedida por Cristina Carvalho

"Os livros de Natália Nunes não são panfletários, deixam transparecer uma crítica inteligente e subtil ao salazarismo, que é preciso saber ler nas entrelinhas", diz a investigadora Teresa Sousa de Almeida sobre a escritora injustamente pouco conhecida e cuja obra está esgotada. No ano em que se assinala o centenário do nascimento de Natália Nunes, que se casou e partilhou a vida com o poeta António Gedeão, o Expresso entrevista a investigadora, que considera "Horas Vivas. Memórias da minha Infância" "um livro extraordinário que devia ser dado a ler, hoje, nas escolas"

A escritora Natália Nunes, nascida em 1921, foi autora de uma vasta obra e colaboradora da revista "Seara Nova", ano que esta publicação foi fundada. Na última semana do ano que assinala o centenário do seu nascimento, Teresa Sousa de Almeida, investigadora do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição (IELT), diz em entrevista ao Expresso que "Horas Vivas. Memórias da minha Infância", o primeiro livro da mulher que se casou e partilhou a vida com o poeta António Gedeão, "é um livro extraordinário que devia ser dado a ler, hoje, nas escolas".

Para esta investigadora, que foi professora Associada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, a reedição da obra de Natália Nunes, que está esgotada, deveria "começar pelo primeiro livro", apesar de o romance "Autobiografia de uma Mulher Romântica" (publicado em 1954) também ser "uma boa introdução à obra desta escritora". "Escrito na primeira pessoa, apresenta-nos uma heroína que foge de um grande desgosto, conseguindo, apesar de tudo, prosseguir a sua vida. Encontramos descrições fabulosas da natureza e análises psicológicas notáveis. A vida miserável das mulheres dos pescadores é sumariamente descrita. É um livro intimista, lírico e simultaneamente realista, uma obra-prima da literatura portuguesa dos anos 50".

Natália Nunes, falecida em 2018, era irmã do artista plástico António Alfredo e mãe da escritora Cristina Carvalho, filha do seu casamento com Rómulo de Carvalho, o professor que era o casulo do poeta António Gedeão.

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