Transportes

“Um cenário absolutamente caótico”: intervenções no metro de Lisboa causam transtornos no Campo Grande

“Um cenário absolutamente caótico”: intervenções no metro de Lisboa causam transtornos no Campo Grande
TIAGO MIRANDA

Desde terça-feira e até 7 de julho, a circulação do metro de Lisboa está interrompida entre Telheiras e Campo Grande e entre Campo Grande e Cidade Universitária, nas linhas verde e amarela. A confusão tem sido grande, dada a forte afluência, tanto no metro como nos autocarros. O Metropolitano de Lisboa promete reforçar oferta – assim como a Carris – e justifica a necessidade das intervenções para que a linha circular esteja a funcionar no próximo ano

Diariamente, Filipa Vitória entra no metro de Lisboa na Ameixoeira, com destino ao Campo Grande, onde passa da linha amarela para a linha verde de forma a chegar ao trabalho, na zona dos Anjos. Mas nesta terça-feira o percurso habitual teve de ser diferente: além da “muita dificuldade em entrar no metro” logo no início do trajeto, não conseguiu fazer o transbordo na estação do Campo Grande, onde encontrou um “caos”.

“Foi impossível porque o cais estava cheio, a escadaria estava cheia de gente. Um cenário absolutamente caótico. Pessoas a tentar apanhar o metro, pessoas a tentar subir a escada, outras a tentar ir-se embora e arranjar alternativas”, relata em conversa com o Expresso.

O problema são as obras. Desde terça-feira que a circulação do metro de Lisboa entre Telheiras e Campo Grande (linha verde) e entre Campo Grande e Cidade Universitária (linha amarela) está interrompida devido à realização de trabalhos na via férrea no âmbito da futura linha circular – situação que vai durar até 7 de julho. Além do fecho da estação de Telheiras, no sentido Odivelas - Campo Grande, na linha amarela, a circulação realiza-se apenas com três carruagens em ambos os sentidos, assim como na linha verde, no sentido Campo Grande - Cais do Sodré.

Filipa acabou por desistir e optar pelo autocarro, mas a situação não estava mais fácil. “Não fui a única a ter essa ideia. Estavam filas gigantescas para os autocarros. As pessoas estavam na fila e nem sequer percebiam se era na paragem correta porque as filas eram longuíssimas, nem sequer conseguíamos ver o fim”, conta. Perante este cenário, foi andando a pé e acabou por conseguir entrar num autocarro já na Avenida do Brasil, com direção à Praça do Chile.

Fila para autocarro no Campo Grande
TIAGO MIRANDA

Como muitas outras pessoas afetadas, Filipa chegou atrasada ao trabalho, já depois das 10h. Ao Expresso, o Metropolitano de Lisboa diz reconhecer "o impacto que estes constrangimentos poderão causar nas rotinas diárias de quem vive, estuda e trabalha na zona de influência destas intervenções”, mas destaca que são “imprescindíveis para permitir a execução de trabalhos necessários para que a linha circular seja uma realidade em 2024”.

Relativamente ao facto de a interrupção da circulação ter começado durante o período letivo e manter-se até julho, a empresa explica que a “calendarização prevista” dos trabalhos “prende-se com a necessidade do cumprimento de prazos contratualmente estabelecidos, bem como dos prazos fixados no âmbito da comparticipação dos fundos comunitários atribuídos à construção da linha circular”. Esta linha – que vai ligar o Rato ao Cais do Sodré – conduzirá a um “efetivo aumento do número de utilizadores do transporte público” e a uma “diminuição de utilização de transporte individual, com ganhos ambientais significativos e aumento da qualidade do serviço” prestado pelo metro, sublinha a empresa.

Possíveis alternativas

De forma a “mitigar os impactos causados”, o Metropolitano de Lisboa prevê “reforçar a oferta de comboios na linha verde, reduzindo assim o tempo de espera nessa linha”, além de se manter “em articulação” com os restantes operadores e com a Transportes Metropolitanos de Lisboa, a quem “oportunamente solicitou o reforço das suas carreiras”. Está também a “monitorizar a evolução da situação”, garante.

A Carris confirma que “a afluência foi, de facto, significativa na zona do Campo Grande” e informa que “decidiu, desde o primeiro momento, reforçar as carreiras nas zonas em que o Metro foi suprimido, tal como habitualmente faz nestas situações”. “Por forma a minimizar o impacto da suspensão do serviço do Metro, decidimos aumentar, ainda mais, o reforço do nosso serviço, em quatro linhas em concreto: 767, 738, 736 e 747”, indica ao Expresso.

Na informação sobre a interrupção da circulação, o Metropolitano de Lisboa sugere como alternativas as carreiras 767, 747, 778 e 717 da Carris, no eixo Telheiras - Campo Grande, e as carreiras 738, 735, 701 e 736, no eixo Cidade Universitária - Campo Grande. Os serviços da Fertagus e da CP também poderão ser uma “opção de transporte” através da estação Roma - Areeiro – mas as greves nos comboios têm vindo a suceder-se.

a Câmara Municipal de Lisboalamenta os transtornos que as interrupções na circulação de comboios” nas linhas amarela e verde estão a causar aos utilizadores dos transportes públicos, situação à qual é “alheia”, e aponta a “existência de uma grande pressão” na rede da Carris na manhã de terça-feira, “com especial incidência na carreira 736”. “Esta pressão ocorre porque existem hoje duas linhas de metro a terminar no Campo Grande, sem qualquer rebatimento, dado que o Metropolitano de Lisboa não contratou, ao contrário do que aconteceu noutras situações, serviços de autocarros alternativos”, refere o município, salientando o “reforço adicional” do serviço da Carris.

Filipa ainda não sabe que alternativa irá escolher, mas garante que “ir de carro não é uma opção”, tendo em conta os constrangimentos do trânsito na cidade e a questão do estacionamento. Mas “ter um dia igual” ao de ontem também não é viável, ao “demorar mais do dobro do tempo a chegar ao trabalho” e ter de fazer “grande parte do percurso a pé”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: scbaptista@impresa.pt

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