Transportes

"Perdi a paciência": como Manuel Beja reagiu quando percebeu que o marido de Christine usava motorista da TAP

"Perdi a paciência": como Manuel Beja reagiu quando percebeu que o marido de Christine usava motorista da TAP
ANTONIO PEDRO FERREIRA

Manuel Beja confrontou Christine Ourmières-Widener sobre o uso de um motorista para fins pessoais e ficou “preocupado” com as respostas, por revelarem problemas no bom senso e na sua razoabilidade

Manuel Beja, presidente do conselho de administração da TAP, estava numa deslocação em serviço. Sentado ao lado do motorista, questionou-o.

“Então, o trabalho?”

“Hoje está complicado. Porque estou consigo, há um motorista que está com a Christine [Ourmières-Widener] e um terceiro com o marido da Christine o dia todo”.

Manuel Beja teve dificuldades em compreender o que ouvia. “Causou-me perplexidade”, confidenciou aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP esta terça-feira, 11 de abril, quando lhes revelou o episódio.

O motorista contou ainda ao chairman da transportadora aérea que a utilização de viaturas e motoristas para fins pessoais acontecia de vez em quando.

“Perguntei à secretaria-geral, a área da TAP que gere o serviço, se acontecia. Foi-me confirmado”, relatou Manuel Beja.

Depois, o líder não executivo da TAP confrontou a presidente da comissão executiva. Nas várias respostas, Christine Ourmières-Widener defendeu que “não era a única pessoa”, e depois referiu mesmo que estava em causa uma “perseguição pessoal”.

“Perdi a paciência”, foi como Manuel Beja acabou por se posicionar neste caso. “Os argumentos não eram de todo aceitáveis, revelavam uma liderança pouco servidora, revelavam-me uma falta de preocupação com o bom senso e a razoabilidade. Preocupou-me bastante”, confidenciou Manuel Beja.

Daí que Manuel Beja tenha decidido criar uma regulamentação para impedir a utilização de motoristas da TAP para fins pessoais. Um facto já anunciado por Alexandra Reis na sua audição na semana passada.

O presidente não executivo da TAP também confirmou que a CEO quis afastar o motorista por não estar vacinado para a covid-19, tal como tinha sido já revelado na audição anterior. Primeiro pela não vacinação, depois porque quis reduzir a equipa de motoristas. “Pareceu-me até mais preocupante do que o episódio inicial”, declarou Manuel Beja aos deputados.


Falta de bom senso na contratação da mulher do treinador do marido

Questionado pela deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda sobre a polémica contratação para um cargo de direção de Isabel Nicolau, uma amiga de Christine Ourmières-Widener, a qual conheceu através do treinador pessoal do marido, Manuel Beja assegurou ter sido um motivo de "desconforto" e um ato de falta de bom senso.


“Do ponto de vista reputacional não foi bom para a TAP e revelou falta de bom senso”, frisou.

O gestor sublinhou porém não conhecer Isabel Nicolau, contrada para um cargo de diretora de segunda linha.

Atualizada às 20:50

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