Sistema financeiro

Sindicato da Caixa Geral de Depósitos marca greve para dia 1 de março, durante campanha eleitoral

Paulo Macedo, presidente da comissão executiva da CGD
Paulo Macedo, presidente da comissão executiva da CGD
RUI FARINHA / NFACTOS

Administração da Caixa propõe aumentos médios de 3,25% para 2024, STEC tinha pedido 5,9%. Salários e condições de trabalhos estão na base da paralisação

Sindicato da Caixa Geral de Depósitos marca greve para dia 1 de março, durante campanha eleitoral

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O sindicato com mais trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos decidiu agendar uma greve para o próximo dia 1 de março, enquanto decorrerá a campanha eleitoral. Está na base da contestação o desencontro entre a gestão e o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos, conhecido pela sigla STEC, no que diz respeito aos aumentos salariais.

Em comunicado enviado às redações esta sexta-feira, 16 de fevereiro, o STEC revela que “mais de uma centena de delegados” estiveram num plenário nacional em que foram debatidas a generalizada degradação e deterioração das condições de trabalho, onde se incluem as negociações salariais para o ano de 2024”.

Já houve três encontros entre o sindicato e a CGD e a última proposta feita pelo banco público, que propõe um aumento salarial médio de 3,25% (entre 3% e 6,74% de aumento, em função do nível remuneratório), foi vista com maus olhos: são “aumentos salariais irrisórios e absurdos”. A primeira proposta da Caixa era de 3%, agora revista em alta para 3,25%, sendo que o banco defende que, com as promoções que foram realizadas e que estão a decorrer, a massa salarial crescerá 5%.

Não serve para o sindicato. Há, indica o comunicado do STEC, uma “manifesta a desvalorização do fator trabalho nos lucros recorde que a CGD se prepara para apresentar, superiores a 1000 milhões de euros”. O banco público, à semelhança do que ocorreu nos privados, deverá atingir o valor de lucros mais alto de sempre – ainda não há data para a apresentação de contas da Caixa relativas a 2023.

CGD argumenta com concorrência

Na moção que serve de base a esta paralisação, o sindicato sublinha ter demonstrado “boa-fé negocial”, ao ter iniciado as negociações com “uma proposta de 7% de aumento e um mínimo de 125 euros, agora reformulada para 5,9%, e um mínimo de 110 euros”, razão pela qual os 3,25% propostos pela administração não são alvo de repúdio.

A gestão da Caixa defende que a proposta tem em conta o “atual contexto económico e as orientações conhecidas”, e diz que no sector os aumentos propostos estão em 2%. O Crédito Agrícola aumentou agora em 2,5% os trabalhadores, para que estes sintam já uma atualização salarial, mas prossegue a negociação com os sindicatos para um valor final. Os restantes bancos, sob contrato coletivo, ainda negociam sob a Associação Portuguesa de Bancos (APB) - mas a semana passada houve já uma concentração de bancários em que houve vozes de repúdio dessa proposta de 2%.

As negociações salariais estão difíceis e os sindicatos afetos à UGT (Mais Sindicato, Sindicato dos Bancários do Centro e Sindicato dos Bancários do Norte) também repudiaram a proposta de 3% da CGD em janeiro.

STEC com exigência a novo Governo

O STEC, que convoca os trabalhadores, os pré-reformados e os reformados para a concentração a realizar-se em Lisboa no dia da greve, critica ainda a “redução cega de milhares de trabalhadores e o encerramento de centenas de balcões”, o “aumento do tempo de espera no atendimento aos clientes, trabalho suplementar não pago, objetivos irrealistas, sistemas informáticos deficitários, assédio moral com as denúncias arquivadas e silenciadas pela empresa”.

A CGD é mencionada por alguns programas eleitorais, mas a situação do banco público não levanta preocupações, nem dúvidas, ao Partido Socialista e à Aliança Democrática (PSD, CDS e PPM). A Iniciativa Liberal insiste na sua privatização; à esquerda, o BE, o PCP e o Livre, querem o banco mais interventivo.

Mas o próximo Governo tem já uma incumbência no caderno reivindicativo do STEC: o reconhecimento dos quatro anos (2013-2016) que não foram repostos às carreiras dos trabalhadores.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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